Ninguém estará seguro
Desde sua origem, Israel esteve mergulhado na guerra. A guerra é uma constante tão grande naquele país que boa parte dos cidadãos já não acredita na possibilidade de haver paz na região, opinião também compartilhada por boa parte dos palestinos. Mas até que ponto essa guerra é inevitável? Até que ponto Israel está apenas fazendo o necessário para garantir sua segurança? Até que ponto a continuação desse conflito não é culpa da nação israelense?
Em seu esforço para manter a ocupação militar na Palestina, o exército israelense se tornou parte do problema, pois suas iniciativas se tornaram mecanismos para humilhar e atormentar os palestinos, o que serve apenas para aumentar o ódio e a desconfiança que nutrem esse longo ciclo de violência.
O preço pago pelos palestinos nos checkpoints e nos toques de recolher impostos às vilas e cidades não garante a segurança dos israelenses. Os checkpoints, criados sob o pretexto de controlar a entrada de potenciais terroristas palestinos em Israel, revelaram-se apenas uma ferramenta de abusos e humilhações constantes, terreno fértil para que soldados e policiais possam fazer jogos psicológicos. Isso inclui abrir os portões de acesso aos terminais de checagem aleatoriamente e depois fechá-los por tempo indeterminado, de forma que os palestinos que esperam do lado de fora nunca saibam em qual fila devem entrar, qual vai andar ou não.
Nos chamados portões humanitários, designados para permitir a passagem de mulheres, crianças, idosos e deficientes, a demora para fazê-los funcionar causa filas tão imensas que muitas das pessoas que têm direito a passar por ali preferem arriscar ser prensadas nas longas filas regulares.
Mas, pelo menos, isso garante a segurança de Israel, certo? Errado. Por apenas dez shekels (o equivalente a R$ 5,00), qualquer um, palestino ou estrangeiro, pode pegar um ônibus na porta do terminal e em 15 minutos passar por um terminal alternativo para veíulos, em que, ao invés de enfrentar toda a humilhação de ter de praticamente se despir para passar pelos detectores de metal, tirar impressões digitais e tudo mais, apenas senta-se no ônibus e mostra sua permissão de passagem através do vidro.
Os checkpoints são o resultado natural de outra política de “segurança”, ainda mais inconsistente: a muralha de separação. Ela começou a ser construí¬da em 2002 com a alegação oficial de que seria uma resposta à segunda Intifada, cujo propósito seria separar fisicamente israelenses e palestinos e impedir a entrada de homens-bomba dentro do território israelense. Porém, essa justificativa nunca se manteve, pois em muitos locais ela não apenas foi construí¬da dentro do território palestino (aproximadamente 10% da Cisjordânia está dentro da área da barreira), como também em várias áreas densamente povoadas (particularmente Jerusalém Oriental), a barreira corta ao meio comunidades palestinas.
Em Jerusalém Oriental, a barreira expulsou palestinos com direito de residência na cidade. Isso porque, pela lei israelense, se um palestino não puder provar que o centro de sua vida está em Jerusalém, depois de três anos, perde o direito de residir no local. A intenção dessa política é diminuir a população palestina na região. No entanto, permite-se que vivam na parte interna da muralha comunidades palestinas que outrora não faziam parte de Jerusalém. Ou seja, a barreira acaba abrigando pessoas que, pela lei israelense, seriam “potenciais terroristas”.
A Intifada e seus atentados suicidas não acabaram após a construção da muralha, mas sim devido ao medo dos palestinos da brutal retaliação do exército israelense. Essas retaliações causaram o colapso da economia palestina e uma série tão insuportável de restrições à vida cotidiana que levaram toda uma população ao limite do desespero e do ódio.
Efetivamente, as atuais políticas empregadas por Israel serviram apenas para aumentar o rancor entre os palestinos, dificultar ainda mais as já tão frágeis possibilidades de um acordo de paz e alimentar a insegurança do Estado de Israel.
Em seu esforço para manter a ocupação militar na Palestina, o exército israelense se tornou parte do problema, pois suas iniciativas se tornaram mecanismos para humilhar e atormentar os palestinos, o que serve apenas para aumentar o ódio e a desconfiança que nutrem esse longo ciclo de violência.
O preço pago pelos palestinos nos checkpoints e nos toques de recolher impostos às vilas e cidades não garante a segurança dos israelenses. Os checkpoints, criados sob o pretexto de controlar a entrada de potenciais terroristas palestinos em Israel, revelaram-se apenas uma ferramenta de abusos e humilhações constantes, terreno fértil para que soldados e policiais possam fazer jogos psicológicos. Isso inclui abrir os portões de acesso aos terminais de checagem aleatoriamente e depois fechá-los por tempo indeterminado, de forma que os palestinos que esperam do lado de fora nunca saibam em qual fila devem entrar, qual vai andar ou não.
Nos chamados portões humanitários, designados para permitir a passagem de mulheres, crianças, idosos e deficientes, a demora para fazê-los funcionar causa filas tão imensas que muitas das pessoas que têm direito a passar por ali preferem arriscar ser prensadas nas longas filas regulares.
Mas, pelo menos, isso garante a segurança de Israel, certo? Errado. Por apenas dez shekels (o equivalente a R$ 5,00), qualquer um, palestino ou estrangeiro, pode pegar um ônibus na porta do terminal e em 15 minutos passar por um terminal alternativo para veíulos, em que, ao invés de enfrentar toda a humilhação de ter de praticamente se despir para passar pelos detectores de metal, tirar impressões digitais e tudo mais, apenas senta-se no ônibus e mostra sua permissão de passagem através do vidro.
Os checkpoints são o resultado natural de outra política de “segurança”, ainda mais inconsistente: a muralha de separação. Ela começou a ser construí¬da em 2002 com a alegação oficial de que seria uma resposta à segunda Intifada, cujo propósito seria separar fisicamente israelenses e palestinos e impedir a entrada de homens-bomba dentro do território israelense. Porém, essa justificativa nunca se manteve, pois em muitos locais ela não apenas foi construí¬da dentro do território palestino (aproximadamente 10% da Cisjordânia está dentro da área da barreira), como também em várias áreas densamente povoadas (particularmente Jerusalém Oriental), a barreira corta ao meio comunidades palestinas.
Em Jerusalém Oriental, a barreira expulsou palestinos com direito de residência na cidade. Isso porque, pela lei israelense, se um palestino não puder provar que o centro de sua vida está em Jerusalém, depois de três anos, perde o direito de residir no local. A intenção dessa política é diminuir a população palestina na região. No entanto, permite-se que vivam na parte interna da muralha comunidades palestinas que outrora não faziam parte de Jerusalém. Ou seja, a barreira acaba abrigando pessoas que, pela lei israelense, seriam “potenciais terroristas”.
A Intifada e seus atentados suicidas não acabaram após a construção da muralha, mas sim devido ao medo dos palestinos da brutal retaliação do exército israelense. Essas retaliações causaram o colapso da economia palestina e uma série tão insuportável de restrições à vida cotidiana que levaram toda uma população ao limite do desespero e do ódio.
Efetivamente, as atuais políticas empregadas por Israel serviram apenas para aumentar o rancor entre os palestinos, dificultar ainda mais as já tão frágeis possibilidades de um acordo de paz e alimentar a insegurança do Estado de Israel.