Artigo discute visões europeias das práticas de contracepção islâmicas nos séculos 16 ao 18
No artigo Representações europeias sobre o controle de natalidade e abortos nas sociedades islâmicas e nos haréns – Período Moderno, publicado na atual edição de HCS-Manguinhos (vol.24, no.3, jul./set. 2017), Marina J. de Oliveira Soares, pesquisadora de Pós-Doutorado no Departamento de História da USP, busca suscitar o debate sobre as práticas contraceptivas usadas pelas mulheres islâmicas no período pré-século 19. Leia a análise clicando aqui .
Ao longo do período moderno, as mulheres islâmicas, residentes em palácios ou em casas comuns, recorriam a medidas para prevenir a concepção ou, quando a gravidez ocorria, para induzir o aborto. Para tanto, faziam uso de ervas, drogas abortivas ou contavam com o auxílio de outras mulheres para interromper uma gestação indesejada. Os registros sobre tais práticas eram feitos por europeus - em alguns casos, médicos - que viajaram para as regiões islâmicas e que retrataram esse cenário em suas narrativas. Além dos abortos, também se noticiava o infanticídio nos palácios imperiais. Discute-se aqui como tais fontes descreviam o controle de natalidade, e como problematizavam o harém lascivo - tópos recorrente na literatura orientalista - a partir da óptica médica.