Esse xaxado vem do Oriente
Banda brasileira Xaxado Novo faz forró e resgata a influência árabe e cigana dos ritmos que toca. O segundo disco será lançado em setembro.
Ela é uma banda de forró. Toca xaxado, baião, xote, mas com jeito do Oriente. O Xaxado Novo é um grupo brasileiro que faz música resgatando as origens orientais dos ritmos que executa. No palco, essa proposta se transforma em escala oriental árabe junto com escala nordestina, em uso de instrumentos como a rabeca, que se originou do árabe rebab, e do pandeiro, que veio do riq. “Só tocando um forró, você já está fazendo um som de influência árabe forte”, diz Felipe Gomide, que toca rabeca e canta no grupo.
Gomide é músico multi-instrumentista, professor e pesquisador da área. Há cerca de seis anos ele conheceu o pesquisador de música árabe Mário Aphonso III e passou a integrar um grupo de estudos dele sobre o tema. Depois entrou para a banda criada por Aphonso, a Orkestra Bandida, que toca com forte influência árabe. “Eu já tinha vontade de montar um grupo de música regional brasileira, mas trazendo a influência árabe”, conta.
Foi então que em 2013 o Xaxado Novo se formou para tocar forró, com Bruno Duarte no davul e no surdo, Marcus Simon na percussão, Davi Freitas no violão, além de Gomide. Todos cantam. O grupo lançou seu primeiro disco no final do ano passado, mas desde a criação faz shows Brasil afora, principalmente no Sudeste. A pesquisa faz parte da rotina do grupo, que já se apresentou e foi buscar conhecimento sobre sua música em Istambul, na Ilha de Creta e no Marrocos.
Gomide cita os instrumentos usados na música nordestina que têm origem oriental como a zabumba, que vem do davul, e os já mencionados acima, como o pandeiro e a rabeca. Todos são usados pelo Xaxado Novo. Os ritmos orientais chegaram ao Nordeste por vários meios e um deles foi pelos escravos islâmicos que promoveram a Revolta dos Malês, na Bahia, no século 19. Vieram também pela Europa, que já estava influenciada pelos árabes dominantes da Península Ibérica na Idade Média.
No toque oriental que a música do Xaxado Novo tem está o uso da escala hijaz. Uma escala determina a melodia. A influência oriental dos sons do grupo não é apenas árabe, mas também turca, cigana e da região dos Balcãs. No primeiro disco do Xaxado Novo, chamado Sertão Cigano, a música que dá nome à capa está entre as que que têm maior influência oriental, assim como Sopro, Pé de Sete e Me Embeleze. Mas o grupo também faz releituras do forró já bem conhecido pelos brasileiros, como as músicas de Luiz Gonzaga.
A banda tem um público diversificado. Neste mês de junho fez mais de vinte shows, segundo Gomide. Várias das suas apresentações são em Sesc e Sesi, além de casas de shows da capital paulista. Apesar de grande parte das apresentações acontecerem no Sudeste, cada vez mais há expansão para outras partes do Brasil, como o Nordeste. Está nos planos do Xaxado Novo também levar sua música para o exterior, inicialmente para a Europa Ocidental.
No dia 8 de julho, Felipe Gomide e Bruno Duarte darão a oficina “O Nordeste e o Oriente” sobre a relação entre a música regional brasileira e a oriental. A oficina ocorre das 14h30 às 17h30 no Sesc Consolação, na capital paulista. Em setembro a banda lança o seu segundo disco, que foi gravado em show ao vivo no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, com participação da Orkestra Bandida. Já no primeiro disco, há participação de Mário Aphonso III, da Orkestra Bandida, e do músico Gabriel Levy, do grupo Mawacca, na sanfona.
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Xaxado Novo
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