Al Jazeera exibe documentários brasileiros
Dois filmes sobre o Brasil foram selecionados no Projeto Viewfinder, da rede de televisão árabe Al Jazeera, e serão exibidos no Witness, programa de documentários do canal da emissora em inglês a partir do final de fevereiro. O filme “Ticket to Paradise”, do paulistano Rogério Soares, fala da imigração haitiana no País, e “Occupying Brazil”, do chileno Daniel A. Rubio, aborda a ocupação de prédios vazios da capital paulista por pessoas sem-teto. Rubio nasceu no Chile, mas mora na cidade de São Paulo há 15 anos.
Os projetos foram escolhidos entre 537 propostas enviadas para a edição atual do Viewfinder. A iniciativa seleciona e patrocina a realização de filmes sobre a América Latina para depois veiculá-los no canal de televisão. Primeiro a Al Jazeera apontou 11 documentários, cujos diretores participaram de uma oficina com a DocMontevideo, organização uruguaia do segmento, em Montevidéu. Foram então escolhidos oito projetos, dois brasileiros, dois argentinos, um cubano, um hondurenho, um da República Dominicana e Haiti, e um uruguaio. O filme feito na República Dominicana e Haiti tem como diretora uma brasileira, Yara Costa, radicana no Haiti.
Eles começam a ser exibidos na Al Jazeera em inglês a partir de 24 de fevereiro e ficam oito semanas na programação. Já no primeiro dia, o filme do brasileiro Soares estará na grade. O cineasta fez seu filme em Brasileia, município do estado do Acre, por onde chegam muitos imigrantes haitianos. Eles viajam do Haiti para a República Dominicana, dali para o Panamá, Equador, Peru e então chegam ao estado do Norte brasileiro. Em Brasileia ficam em uma estrutura de acolhimento até obterem visto provisório ou trabalho.
É este o ambiente do filme de Soares, que conta a história de Damião, funcionário da Secretaria de Direitos Humanos do Acre. Segundo o diretor, Damião é responsável, na estrutura de acolhimento onde ficam estes haitianos, por garantir que eles passem pela triagem para obtenção de visto, pela segurança e alimentação. Para retratar a realidade desta imigração, Soares mostrou a história de Damião e de Ricardo, um haitiano que ficou três meses no local, ajudando Damião a conseguir trabalho para os seus conterrâneos. “O filme termina quando Ricardo consegue um emprego e vai embora para o Sul do Brasil”, conta Soares.
O outro documentário sobre o Brasil, “Occupying Brazil”, mostra o drama de Isabela, uma moça de 23 anos que tem três filhos e não consegue ficar com eles porque não tem um teto. Enquanto ela batalha por moradia, os filhos precisam ficar na casa de parentes. Isabela participa do movimento Frente de Luta por Moradia (FLM) desde os 12 anos e é uma das ocupantes de prédios vazios na capital paulista. A mãe de Isabela, conta Rubio, também fez parte das ocupações e conseguiu uma residência.
Além de Isabela, o filme do chileno se foca na história de duas pessoas que trabalham pelo movimento, André e Jaíra. No documentário é mostrado o momento de uma ocupação, em uma noite, e o cotidiano das famílias sem-teto. A maioria dos ocupantes, relata Rubio, são mulheres que têm filhos, ganham entre um e três salários mínimos e não conseguem pagar um aluguel ou prestação com seus rendimentos. Assim, elas ocupam prédios vazios para pressionar o governo a apresentar soluções de moradia popular. O filme será exibido na Al Jazeera em inglês no dia 14 de abril.
Rubio trabalha há 20 anos com cinema, fazendo documentários independentes e para emissoras de televisão internacionais. No Brasil ele trabalhou para a TV da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Soares estudou Cinema na Inglaterra e mora atualmente no Canadá, onde trabalha em um projeto da produtora Filmblanc. Ela já morou em diversos países e atuou como diretor de programação da TV Escola, do Ministério de Educação, e diretor de conteúdo da rede Televisión América Latina (TAL). A rede TAL é parceira da emissora árabe no projeto e também exibirá os documentários mais adiante.
A produção dos filmes é acompanhada por profissionais da Al Jazeera. Rubio afirma que achou muito legal os toques dados pela equipe da emissora no trabalho. “Sempre trabalhei com projetos internacionais, mas moro no Brasil e esse olhar de fora é muito legal”, afirma, lembrando que eles trabalham tendo em vista que o documentário será visto em diferentes países. Todos os documentários partem de histórias pessoais para mostrar uma realidade maior, local, regional, nacional ou mesmo internacional. “São histórias pessoais que não têm muito acesso à grande mídia”, relata Soares, lembrando que elas acabam servindo de inspiração para as demais pessoas.
A Al Jazeera promove o Viewfinder todos os anos. Segundo informações do site da emissora, em breve estarão abertas as inscrições para a próxima edição do projeto. Acompanhe no site http://ajeviewfinder.com/
Os projetos foram escolhidos entre 537 propostas enviadas para a edição atual do Viewfinder. A iniciativa seleciona e patrocina a realização de filmes sobre a América Latina para depois veiculá-los no canal de televisão. Primeiro a Al Jazeera apontou 11 documentários, cujos diretores participaram de uma oficina com a DocMontevideo, organização uruguaia do segmento, em Montevidéu. Foram então escolhidos oito projetos, dois brasileiros, dois argentinos, um cubano, um hondurenho, um da República Dominicana e Haiti, e um uruguaio. O filme feito na República Dominicana e Haiti tem como diretora uma brasileira, Yara Costa, radicana no Haiti.
Eles começam a ser exibidos na Al Jazeera em inglês a partir de 24 de fevereiro e ficam oito semanas na programação. Já no primeiro dia, o filme do brasileiro Soares estará na grade. O cineasta fez seu filme em Brasileia, município do estado do Acre, por onde chegam muitos imigrantes haitianos. Eles viajam do Haiti para a República Dominicana, dali para o Panamá, Equador, Peru e então chegam ao estado do Norte brasileiro. Em Brasileia ficam em uma estrutura de acolhimento até obterem visto provisório ou trabalho.
É este o ambiente do filme de Soares, que conta a história de Damião, funcionário da Secretaria de Direitos Humanos do Acre. Segundo o diretor, Damião é responsável, na estrutura de acolhimento onde ficam estes haitianos, por garantir que eles passem pela triagem para obtenção de visto, pela segurança e alimentação. Para retratar a realidade desta imigração, Soares mostrou a história de Damião e de Ricardo, um haitiano que ficou três meses no local, ajudando Damião a conseguir trabalho para os seus conterrâneos. “O filme termina quando Ricardo consegue um emprego e vai embora para o Sul do Brasil”, conta Soares.
O outro documentário sobre o Brasil, “Occupying Brazil”, mostra o drama de Isabela, uma moça de 23 anos que tem três filhos e não consegue ficar com eles porque não tem um teto. Enquanto ela batalha por moradia, os filhos precisam ficar na casa de parentes. Isabela participa do movimento Frente de Luta por Moradia (FLM) desde os 12 anos e é uma das ocupantes de prédios vazios na capital paulista. A mãe de Isabela, conta Rubio, também fez parte das ocupações e conseguiu uma residência.
Além de Isabela, o filme do chileno se foca na história de duas pessoas que trabalham pelo movimento, André e Jaíra. No documentário é mostrado o momento de uma ocupação, em uma noite, e o cotidiano das famílias sem-teto. A maioria dos ocupantes, relata Rubio, são mulheres que têm filhos, ganham entre um e três salários mínimos e não conseguem pagar um aluguel ou prestação com seus rendimentos. Assim, elas ocupam prédios vazios para pressionar o governo a apresentar soluções de moradia popular. O filme será exibido na Al Jazeera em inglês no dia 14 de abril.
Rubio trabalha há 20 anos com cinema, fazendo documentários independentes e para emissoras de televisão internacionais. No Brasil ele trabalhou para a TV da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Soares estudou Cinema na Inglaterra e mora atualmente no Canadá, onde trabalha em um projeto da produtora Filmblanc. Ela já morou em diversos países e atuou como diretor de programação da TV Escola, do Ministério de Educação, e diretor de conteúdo da rede Televisión América Latina (TAL). A rede TAL é parceira da emissora árabe no projeto e também exibirá os documentários mais adiante.
A produção dos filmes é acompanhada por profissionais da Al Jazeera. Rubio afirma que achou muito legal os toques dados pela equipe da emissora no trabalho. “Sempre trabalhei com projetos internacionais, mas moro no Brasil e esse olhar de fora é muito legal”, afirma, lembrando que eles trabalham tendo em vista que o documentário será visto em diferentes países. Todos os documentários partem de histórias pessoais para mostrar uma realidade maior, local, regional, nacional ou mesmo internacional. “São histórias pessoais que não têm muito acesso à grande mídia”, relata Soares, lembrando que elas acabam servindo de inspiração para as demais pessoas.
A Al Jazeera promove o Viewfinder todos os anos. Segundo informações do site da emissora, em breve estarão abertas as inscrições para a próxima edição do projeto. Acompanhe no site http://ajeviewfinder.com/