Últimos dias do ciclo de cinema do mundo árabe

Seg, 12/12/2011 - 14:35
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Parceria entre o ICArabe, a Casa Árabe de Espanha e o Instituto Cervantes de São Paulo, ocorre neste último local (na Av. Paulista, 2.439, metrô Consolação), desde sexta-feira (9) até dia 14 próximo, ciclo de cinema com documentários que mostram a conexão entre o espaço e o indivíduo. Tem como curador Basel Ramsis, diretor de cinema documental da Casa Árabe de Espanha. De hoje até quarta-feira, ainda estão em cartaz alguns dos quatro filmes media-metragem e dos três curtas que compõem essa mostra, com legendas em espanhol, para os amantes e estudiosos dessa língua.

 

O ciclo foi aberto com o filme Zahra, o mais recente de um dos atores e diretores mais importantes do mundo árabe na atualidade, Mohamad Bakri. Nessa obra, ele segue o caminho do personagem que o consagrou como ator há 30 anos, quando protagonizou o filme Hanna K, do renomado diretor Costa Gavras. Por meio de Zahra, o ator mostra a fidelidade e proximidade com o espaço, que não é abandonado, mesmo passando por muitas dificuldades. Outro filme que pôde ser visto foi Reciclar, do diretor jordaniano Mahmoud Al Massad. Nele, a reflexão sobre o efeito que o espaço e o lugar têm sobre a formação dos indivíduos. 

 

Ainda em exibição, Vizinhos, por sua vez, de Tahani Rached, mostra o dia a dia de um bairro no Cairo, capital do Egito, e o importante papel desse pequeno lugar no cenário econômico. Já em Meu coração bate por ela, o diretor Mohamed Soueid coloca vários lugares como Beirute, Hanoi, sul do Líbano como se fossem um único destino e mostra de forma bem humorada como a imagem de um determinado local pode mudar de acordo com o sofrimento de seus habitantes.

 

Ao final desse ciclo especial, três curtas da diretora Ateyyat el Abnoudy. Trata-se de uma das diretoras veteranas do mundo árabe e das mais importantes, que pertence a uma geração que começou a realizar filmes depois da Guerra dos Seis Dias, em 1967 - quando Israel ocupou ilegalmente Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental, territórios palestinos, além da síria Golã e do egípcio Sinai (este devolvido nos acordos de Camp David em 1979). Ateyyat foi uma das poucas diretoras egípcias de sua época que não abandonaram o cinema documental para fazer ficção. Nesse ciclo são apresentados três dos mais importantes documentários feitos por ela.

 

Programação da semana

 

12 de dezembro (19h30)

MEU CORAÇÃO SÓ LATIU POR ELA

(Mohamed Soueid, Líbano 2008, 87 min., legendas em espanhol)

Em 1970 muitos libaneses estavam atentos aos acontecimentos no Vietnã. Por outro lado, as novas gerações estão de olho em Dubai e outros continuam sonhando com Hanói. O documentário é um mosaico destes lugares que perpassam a vida e a história de Hatem Hatem.

 

13 de dezembro (19h30)

VIZINHOS

(Tahani Rached, Egipto, 2009, 105 min., legendas em espanhol)

Garden City é um bairro pequeno, porém rico, do Cairo e que se converteu no centro político do Egito deste o final do século XIX. O filme passea por todos os palácios e lugares abastados da cidade para em seguida mostrar a enorme pobreza e deterioração que se passou em algumas décadas.

 

14 de dezembro (19h30)

Curtas em  homenagem a Ateyyat El Abnoudy, umas das mais relevantes diretoras árabes do cinema documental :

 

UM CAVALO DE BARRO

(Ateyyat El Abnoudy, Egito, 1971, 12 min., v.o. espanhol)

Mostra o sofrimento de trabalhadores egípcios de pequenas fabricas de ladrilhos, que usam métodos sofridos e trabalham duro para sobreviver.

 

SANDUÍCHE

(Ateyyat El Abnoudy, Egito, 1975, 13min., v.o. espanhol)

Mostra um vilarejo do Egito por onde passam os trens de turistas que se dirigem ao sul do país, mas que nunca param.

 

SONHOS POSSÍVEIS

(El Abnoudy, Egito/Alemanha, 1982, 30min., v.o. espanhol)

Conta a história de uma jovem camponesa egípcia, seus sonhos e ilusões. Ela se casa e viaja, porém anos mais tarde volta ao seu vilarejo após a Guerra de 1973.