Série de verbetes informativos sobre os árabes: Nakba, por Federação Árabe Palestina do Brasil
Conheça mais um verbete da série especial do ICArabe, que aprofunda, com responsabilidade, o conhecimento sobre o mundo árabe. A iniciativa reafirma o compromisso da instituição com a disseminação de informação qualificada e o enfrentamento de estereótipos, colaborando para uma sociedade mais informada e consciente.
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Nakba
Nakba é uma palavra árabe que designa catástrofe e refere-se à morte ou expulsão de mais de 750 mil palestinos de suas casas, resultando na apropriação e ocupação, entre 1947 e 1951, de 78% da Palestina Histórica. Embora antes da Nakba a Palestina fosse uma sociedade multiétnica e multicultural em que diferentes povos e religiões coexistiam, o conflito entre palestinos árabes e judeus se intensificou na década de 1930. O aumento da violência foi fruto da campanha de imigração judaica impulsionada pela perseguição sofrida pelos judeus na Europa, que então buscavam o estabelecimento de um Estado judeu na Palestina através do movimento sionista fundado pelo austro-hungaro Theodor Herzl (1860-1904).
A Nakba foi executada por colonizadores estrangeiros através de um empreendimento colonial, que incluiu a autodeclarada independência de Israel, proclamada em 14 de maio de 1948 - sendo a Nakba rememorada todo dia 15 de maio, há 77 anos. A literatura e os registros históricos dão conta de mais de 530 cidades e povoados palestinos destruídos, com famílias palestinas inteiras assassinadas nos mais de 70 massacres executados por grupos sionistas. A Nakba é o evento inaugural de um projeto colonial único na história, que tem como base o extermínio e a limpeza étnica integral de uma população originária.
A Catástrofe Palestina é também a mais longa crise de refugiados da história moderna, com 6,6 milhões de pessoas ainda sem direito ao retorno, quase oito décadas após sua expulsão de suas casas. Gaza, um dos palcos da Nakba, é hoje lar de 1,9 milhões de refugiados, sendo 9 em cada 10 habitantes deslocados internos.
Segundo o historiador palestino Nur Marsalha no livro Expulsão dos Palestinos: O Conceito de Transferência no Pensamento Político Sionista 1882-1948, a Nakba é um acontecimento histórico que vem se estendendo até os dias atuais. E a continuidade da catástrofe se manifesta, entre outras situações, na limpeza étnica perpetrada atualmente por Israel em Gaza.
A rememoração da Nabka no 15 de maio é um lembrete não apenas dos trágicos eventos anteriores e posteriores a 1948, mas da condição estrutural e permanente da injustiça sendo continuamente sofrida pelos palestinos. A expropriação, o deslocamento e a alienação cultural dos palestinos forja sua identidade e memória coletivas, moldando sua resistência na forma de luta por justiça e autodeterminação.
A Federação Árabe Palestina do Brasil – FEPAL é uma entidade geral fundada em 1979 que representa a diáspora palestina no Brasil, atuando na defesa dos interesses das comunidades de origem palestina e representando-as em espaços políticos e sociais.
A FEPAL representa os mais de 200 mil palestinos e seus descendentes no Brasil, congregando as associações e sociedades brasileiro-palestinas espalhadas por dezenas de cidades brasileiras. Além de promover acesso à informação e ao conhecimento geopolítico bem fundamentado sobre a Palestina, a entidade promove a preservação da cultura palestina nas comunidades.
Em respaldo à tradição diplomática brasileira de respeito ao direito internacional e ao direto à autodeterminação dos povos, a FEPAL defende o reconhecimento de um Estado Palestino soberano e independente, com Jerusalém sua capital. Condena todas as formas de supremacismo, racismo e intolerância e defende o direito de retorno dos refugiados às suas terras, condenando a ocupação ilegal dos territórios palestinos e os bloqueios militares e econômicos