Egípcio oferece bolsa para pesquisadores brasileiros
Há mais de 40 anos, Nassar se dedica a pesquisas sobre o melhoramento e as potencialidades genéticas da mandioca. Em 2014, ele recebeu um prêmio de US$ 100 mil da Kuwait Foundation for Advancement of Science (KFAS) por seu trabalho com pesquisa a respeito do uso da raiz no combate à fome.
Foi com esse recurso, e também com dinheiro próprio, que Nassar criou sua fundação e decidiu ofertar a bolsa para estimular outros cientistas a se dedicarem à pesquisa sobre a mandioca. A Bolsa Kuwait 2016, como foi nomeada, vai oferecer R$ 10 mil ao melhor projeto de pesquisa apresentado por um mestrando ou doutorando de uma universidade brasileira.
As inscrições para a bolsa já começaram e vão até o dia 31 de março. O resultado será divulgado no dia 01 de maio. “A potencialidade genética da mandioca não foi explorada como a de outras culturas. Hoje, a produtividade da mandioca está em 13 até 14 toneladas por hectare. Com novas pesquisas, ela pode chegar até 30 toneladas por hectare”, afirma Nassar.
Para ele, a falta de verba de pesquisas para jovens cientistas é um ponto crítico do desenvolvimento científico do Brasil. O professor egípcio acredita que o investimento nas pesquisas com a mandioca pode fazer com que a raiz sirva de base para alimentar as camadas mais pobres da população.
Os candidatos a receber a bolsa devem estar matriculados em um curso de mestrado ou doutorado em entidade de ensino superior no Brasil; ter como tema de pesquisa o melhoramento genético da mandioca e já ter passado ao menos seis meses pesquisando sobre o tema. O tempo para a realização da pesquisa com a bolsa deve ser de até dois anos. O valor de R$ 10 mil será pago em três parcelas com intervalo de seis meses.
De acordo com Nassar, a fundação tem interesse em financiar pesquisas com três focos específicos: aumento da produtividade, aumento do nível de proteína na mandioca e aumento do conteúdo vitamínico na raiz.
Inicialmente, apenas uma bolsa será concedida, mas Nassar afirma ter interesse em oferecer outras bolsas de pesquisa com o apoio de novos patrocinadores. Segundo o professor, a fundação está aberta a receber fundos de instituições que queiram promover o desenvolvimento científico e que novas bolsas poderão ser concedidas com os nomes de seus financiadores.
Fundação
Nagib Nassar nasceu em Assiut, no sul do Egito, e se mudou para o Brasil em 1974, após os dois países assinarem um acordo bilateral de intercâmbio científico. Ele veio trabalhar aqui a convite do Ministério das Relações Exteriores brasileiro.
Antes de trabalhar na Universidade de Brasília, onde atuou por mais de 30 anos, o professor egípcio também passou pela Universidade de São Paulo e pela Universidade Federal de Goiânia. Em 1979, Nassar se naturalizou brasileiro.
A criação da Funagib foi aprovada em novembro de 2015, mas o evento oficial de inauguração acontece no dia 03 de março na UnB. Segundo Nassar, 14 professores da universidade estão atuando voluntariamente na fundação.
Mais informações sobre a Bolsa Kuwait 2016 e como se inscrever estão disponíveis no link http://funagib.geneconserve.pro.br/editais.html.