Comandante saudita critica restrições impostas às mulheres no reino
Jeddah - Um comandante da polícia religiosa saudita criticou algumas restrições de trabalho e locomoção impostas às mulheres da Arábia Saudita.
Sheikh Ahmed al-Ghamdi, defendeu que não há nada no Islã que impede as mulheres de dirigir, apesar da pratica ser proibida na Arábia Saudita.
Sobre o véu Ahmed afirmou que "Há uma diferença de interpretação do verso do Alcorão ... o que leva alguns estudiosos a defender que todo o corpo da mulher deve ser coberto ... No entanto outros estudiosos aprovam que rosto, mãos e cotovelos fiquem a mostra. Alguns permitem até a exposição do cabelo” .
Ahmed também defendeu a convivência mista de homens e mulheres sem parentesco em espaços públicos, o que é normalmente prevenido pela polícia religiosa no reino.
O Islã "ordena uma mulher a cobrir seu corpo para lhe permitir participar na vida social, não para impedi-la de fazê-lo", disse ele.
Ghamdi, que foi demitido e reintegrado em abril após debater com a polícia religiosa endossando a mistura de homens e mulheres em ambientes sociais, discursou em uma conferência sobre a Participação da mulher no desenvolvimento da nação, onde o tema principal foi as barreiras impostas pelos ultraconservadores às mulheres da Arábia Saudita.
Algumas dessas barreiras impedem as mulheres de concorrer e participar no mercado de trabalho. Recentemente, autoridades religiosas do país se opuseram fortemente a um esforço do Ministério do Trabalho para permitir que mulheres na Arábia Saudita trabalhem como caixas de supermercados.
O ministro do Trabalho Adel Fakieh disse na terça-feira que 200.000 mulheres no reino, ou 44% da força de trabalho, estavam desempregadas, e que 157.000 delas tinham ao menos nível escolar médio.
"As mulheres desempregadas tem escolaridade superior ao nível médio, enquanto os homens desempregados não tem nem escolaridade de nível básico”, disse ele.
A única ministra mulher do país, Noura al-Fayez, também foi criticada por não ter conseguido muitos avanços em termos de oportunidades para as mulheres na educação. Ela pediu paciências às mulheres sauditas, e disse que pode fazer pouco sobre certas questões.
Na segunda-feira, a filha do rei Abdullah, princesa Adela bint Abdullah, disse que um maior esforço é necessário para gerar empregos para as mulheres da Arábia Saudita.
"A participação das mulheres (na força de trabalho) está aquém da expectativa. Uma sociedade não pode andar com uma só perna”, disse ela.