ICArabe integra debate em conferência internacional sobre o Oriente Médio
Por Suely Melo
Nesta segunda, 22 de outubro, o presidente do Instituto da Cultura Árabe - ICArabe, Mohamed Habib, e a jornalista Soraya Misleh, membro da diretoria da entidade, participaram da “Conferência Internacional Oslo aos 25: a paz elusiva”, que aconteceu do auditório Nicolau Sevcencko, na Universidade de São Paulo.
Os especialistas do ICArabe integraram o painel “Vivendo sob ocupação”, ao lado do jornalista árabe-estadunidense Ramzy Baroud e do professor e coordenador de Relações Internacionais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Marcelo Buzetto. A mesa foi mediada por Rafael Heiber, cofundador e diretor executivo do Common Action Forum.
Esta é a segunda conferência internacional organizada pelo Middle East Monitor (Londres), Common Action Forum (Madri), Centro de Estudos Árabes da USP e Instituto de Relações Internacionais também dessa universidade, com o intuito de analisar a história, discutir o legado e refletir sobre perspectivas de paz e o futuro no Oriente Médio.
Com o tema “Adiando a solução e manejando a população no quadro dos Acordos de Oslo”, o professor Habib ressaltou que “não podemos olhar para o conflito entre Israel e Palestina como uma questão isolada”. Ele reforçou: “Temos que entender que esta está inserida em outras esferas mundiais. Podemos, sim, formar povos, nações e estados novos, mas ninguém pode eliminar do mapa um povo ou uma população. Isso não devemos aceitar nunca.”
Já Soraya Misleh falou sobre “Refugiados palestinos e seu envolvimento na busca por soluções, entre a política da OLP na década de 1990 e os movimentos sociais na América Latina”. Em sua apresentação, a jornalista afirmou que não é possível entender Oslo sem entender a Nakba - a limpeza étnica na Palestina que, segundo ela, continua até hoje. “É importante falar de Oslo para desconstruí-lo. Oslo não foi um fracasso. Os acordos foram absolutamente bem-sucedidos em sedimentar o projeto colonial e institucionalizar o regime de apartheid”, frisou. Soraya é autora do livro “Al Nakba – um estudo sobre a catástrofe palestina” (saiba mais aqui).
Em outro momento, emocionada, Soraya falou da resistência do povo palestino. “Se hoje se ouve falar de palestinos e Palestina (no Brasil, infelizmente, ilustre desconhecida) é por causa da resistência. E precisamos abraçá-la. Resistência não é terrorismo. Resistência é legítima. Não podemos falar de violência dos dois lados. Não podemos confundir a violência do opressor com a resistência do oprimido, jamais. Os palestinos têm o direito de resistir”, finalizou.
O encontro, que acontece até esta terça, reúne acadêmicos, diplomatas, representantes políticos, organizações não governamentais e demais representantes da sociedade civil brasileira e latino-americana para refletir sobre os últimos 25 anos do processo de paz no Oriente Médio.
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