Na quarentena, museus fecham portas e abrem tours virtuais
Durante período de isolamento, museus brasileiros oferecem tour virtual, acervos e conteúdos on-line. Veja onde conferir cultura árabe no Brasil durante o período em que as instituições ficarão de portas fechadas.
Se por um lado instituições culturais fecharam as portas para ajudar a conter a disseminação do novo coronavírus no Brasil e no mundo, por outro, muitas delas trabalham para abrir janelas virtuais. Entre as instituições que têm material ligado aos árabes, está o Museu da Imigração (MI). A entidade disponibilizou materiais em diversas plataformas e no acervo digital é possível encontrar alguns registros de matrícula e fotos de pessoas árabes que chegaram ao Brasil a partir de 1874.
O objetivo do museu é levar aprendizado e continuar próximo ao seu público, mesmo sem ele sair de casa. “Nesse período de quarentena, é importante que os espaços continuem proporcionando conhecimento, o que pode ser realizado em virtude da tecnologia. No caso do Museu da Imigração, acredito ser uma oportunidade para potencializar as ações digitais, disponibilizando conteúdos tanto para entretenimento quanto para instigar a reflexão sobre o atual cenário mundial, mantendo viva a cultura e a sua importância para a história evolutiva da humanidade”, explicou a diretora executiva do Museu da Imigração, Alessandra Almeida, à ANBA.
O acervo digital da instituição tem mais de 250 mil imagens da imigração no estado de São Paulo e Brasil. Em parceria com o Google Arts & Culture, o MI apresenta, ainda, duas exposições virtuais. A plataforma disponibiliza também um passeio pela exposição de longa duração “Migrar: experiências, memórias e identidades” à distância. No canal da instituição no YouTube, estão disponíveis trechos de depoimentos da coleção de história oral, entrevistas com descendentes e migrantes de comunidades relacionadas à Festa do Imigrante, entre outros.
O Museu Egípcio e Rosa Cruz informou à ANBA que está elaborando novos materiais por conta da pandemia do covid-19. A ideia é disponibilizá-los através das redes sociais do Museu Egípcio e Tutankhamon nos próximos dias. Enquanto isso, o complexo já disponibiliza conteúdo em vídeos, textos e imagens, como o Tesouros do Museu, que revela peças que compõem o acervo do espaço, ou o Projeto Tothmea que conta a história da egípcia Tothmea em histórias em quadrinhos. O museu também tem um tour virtual de uma das exposições que passaram pelo espaço (acesse neste link).
Para o Museu Nacional do Rio de Janeiro, compartilhar o acervo de forma online não é uma novidade. Em 2019, a instituição já havia inaugurado suas mostras dentro do projeto Google Arts & Culture, justamente para tornar acessível o acervo que havia sido consumido pelas chamas no incêndio que atingiu a estrutura em 2018. Entre as exposições virtuais, há a mostra Egito Antigo, que reúne o rico acervo de peças árabes. “A ideia é as pessoas verem como o museu era antes mesmo da tragédia. Educar, fazer com que as pessoas se maravilhem, reflitam”, disse o diretor do Museu, Alexander Kellner, à ANBA.
Para Kellner, embora o contato virtual não substitua a visitação ao vivo, é uma maneira de suprir essa necessidade. “Ainda somos a principal coleção egípcia na América do Sul. Isso não diminui o tamanho das perdas que tivemos, mas temos muitos planos para receber novos materiais originais – estando preparados, claro, para recebê-los” explicou o diretor, que espera ampliar futuramente a coleção, com mais materiais vindos do Oriente Médio.
Enquanto não é possível visitar instalações físicas, no Google, o Museu Nacional conta com imagens em alta resolução de 164 relíquias distribuídas em sete exposições, e ambientes internos que podem ser vistos em 360º. Na foto que abre esta matéria, o Caixão de Sha-amun-en-su, que pode ser visto no acervo on-line do Museu Nacional.
Já o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) decidiu atualizar e divulgar parte de seus conteúdos para entreter o público durante o isolamento social. A instituição conta com o acervo digital de arte-educação pelo site CCBB Educativo, que dialoga com o que está em cartaz a cada temporada. “Nesse momento de conscientização, cuidado e superação, em que as atividades presenciais da instituição estão suspensas para prevenir a propagação do Covid-19, o Programa CCBB Educativo atualizou a área do site que oferece o conteúdo ampliado das ações realizadas presencialmente entre 2018 e 2020”, informou o CCBB, em nota.
Na página no Google Arts do CCBB de Belo Horizonte, é possível também conferir o trabalho de artistas como o egípcio Youssef Limoud, que esteve em exposição quando a mostra ‘Ex-Africa’ passou pela capital mineira. Em cartaz na unidade de São Paulo, a exposição Egito Antigo deve ganhar nas próximas semanas vídeo com imagens captadas no espaço carioca do Centro.
Para quem quer assistir apresentações musicais, o Museu Casa Ema Klabin tem disponíveis em seu canal no Youtube diversas apresentações de grupos árabes. Entre eles, o Quarteto Tarab, que têm influências dos países como a Síria, Egito, Líbano e Palestina, com instrumentos como o oud (espécie de alaúde), nay (flauta) e percussões orientais do darbake, riqq. Outra apresentação disponível é da Orquestra Mundana Refugi, que tem músicos árabes em seu elenco.
No projeto do Google, é possível descobrir outras obras que retratam encontro entre a cultura brasileira e a árabe. É o caso do Projeto Portinari, que exibe obras criadas pelo artista após uma viagem ao Oriente Médio. Produzidas na década de 60, as obras retratam a cultura e o povo em trabalhos como Árabes e o Dromedário, e o Beduíno de Bicicleta, ou, ainda, a tela As raças.
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