Fórum Mediterrâneo aborda problemas comuns de Oriente Médio, África e Europa
Encontro que ocorreu em Barcelona entre os dias 16 e 19 de junho procurou alternativas para os problemas econômicos da região, que são mais graves entre os países do norte da África. Questão palestina foi destaqueBarcelona, Espanha, recebeu entre 16 e 19 de junho o Fórum Social Mediterrâneo, que procurou integrar as discussões de movimentos sociais e ONGs da região que congrega países do Oriente Médio, do sul da Europa e norte da África. A pobreza comum e a interferência em assuntos internos, seja pelo viés militar, seja pelo viés econômico, são problemas comuns a todos os países da região. Um dos temas abordados, e que já podia ser percebido na tentativa de estrangeiros conseguirem visto para o evento, foi a imigração de árabes, principalmente do norte da África (Marrocos e Argélia), para Espanha e França. Marcel Gomes, enviado especial da Agência Carta Maior, disse que o problema de vistos fez com que países árabes como Egito, Líbano e Iraque fossem sub-representados. Apesar dos esforços do governo, muitos consulados espanhóis usaram a autonomia que detêm para recusar os pedidos. Dos 5 mil participantes, o número estimado de africanos e asiáticos chegou a 500. Um outro motivo da pouca participação dos árabes, segundo Marcel, foi a frágil rede dos movimentos sociais que liga Europa, África e Oriente Médio. De acordo com o repórter, a rede dos “países latino-americanos com os europeus é muito mais forte”. Mesmo com poucos movimentos sociais de fora da Europa presentes, a discussão em torno da imigração se deu focada no desenvolvimento das nações pobres de onde saem as pessoas que entram nos países europeus. “Eles têm uma posição bem focada no desenvolvimento, no ataque às políticas neoliberais, de abertura de mercado, mas que não dão nenhuma contrapartida”, conta o repórter. As discussões surgem no momento em que pode haver um possível endurecimento na política de entrada de imigrantes na Espanha, tornando-a mais difícil. PALESTINA - O maior destaque do evento foi a questão Palestina. “Existe na Espanha uma forte colônia palestina. Além de pedir a saída de Israel dos territórios palestinos, eles discutiram que caminho o país deveria seguir depois da saída. Querem uma política e uma economia que não seja neoliberal. Foram discussões para a construção de um modelo para o país”. CONTRA A ALCA DO MEDITERRÂNEO - Outro destaque do evento foram as discussões sobre o tratado de livre comércio entre os países do Mediterrâneo, que está em processo de ser concretizado, o Euromed (parceria Euro-Mediterrânea), que começou a ser desenhada em 1995. Desde então ele tem sido alvo de protestos dos países africanos. A maioria dos movimentos sociais é contra o tratado. Alegam que com a abertura dos mercados as empresas européias levarão vantagem. Os países da África ficariam com todo o ônus do desequilíbrio econômico. No entanto, existem posições diversas de como deve proceder. Alguns movimentos acreditam que a luta deve se dar dentro do acordo, através da participação das conversas que vão regulamentar a Euromed. Outra parte acredita que o rompimento é a melhor solução. Lucille Daumas, do Attac Marrocos, disse a Marcel que “temos de dizer ‘não’ à Barcelona +10 (encontro que definirá as bases do acordo). Dez anos depois do início desse processo, vão nos dizer que a paz e a prosperidade estão sendo construídas. Temos de dizer que isso é mentira”.