Intelectuais pedem preservação da cultura palestina
Intelectuais palestinos estão preocupados com sua cultura e temem que ela caia “numa era de obscurantismo”. Eles assinaram uma petição dirigida ao presidente Abu Mazen na qual denunciam que uma antologia de contos populares foi recentemente banida das escolas da Cisjordânia e que em alguns casos os livros foram destruídos e queimados.da Agência Ansa (Traduzido por Aline Abuaes) Ramallah (Cisjordânia), 10 Mar (Ansa) – Dezenas de intelectuais palestinos, prevendo o risco de que a cultura palestina "caia em uma era de obscurantismo", assinaram uma petição dirigida ao presidente Abu Mazen na qual denunciam que uma antologia de contos populares foi recentemente banida das escolas da Cisjordânia e que em alguns casos os livros foram destruídos e queimados. "É preciso defender a cultura nacional do obscurantismo e da ignorância do ministério da Educação" dirigido pelo Hamas, afirma o documento. Entre os intelectuais estão o poeta Mahmud Darwish, Haider Abdel Shafi e Yiad Saraj. Hoje, no centro de Ramallah, a sua mensagem foi acompanha por uma manifestação de protesto. No centro da polêmica, que há alguns dias mobiliza a opinião pública palestina, está a antologia "Fala passarinho, fala de novo" (Qul ya-Tayr), organizada por dois pesquisadores da Universidade de Bir Zeit, em Ramallah, Ibrahim Muhawi e Sharif Kanaana. Publicada nos Estados Unidos em 1989, a antologia foi distribuída nos Territórios Palestinos em árabe a partir de 2001. Durante anos, Muhawi e Kanaana gravaram as fábulas contadas pelos mais idosos na Galiléia e na Cisjordânia. Depois, selecionaram as histórias pela freqüência com que foram citadas e pelos assuntos tratados e publicaram 45 delas, algumas consideradas elementos essenciais na cultura popular palestina. "Graças a este livro a Palestina venceu um prêmio internacional de história oral", afirma a petição dos intelectuais. Mas, no Ministério da Educação palestino, a antologia provocou rejeição pela linguagem "fallahi" (camponês) e pelos temas discutidos. Entre estes, o tema da atração entre os amantes. Uma das histórias mais polêmicas fala sobre Jumez Bin Yasur, o chefe de todos os pássaros, que durante a noite visitava sua amante e acaba se transformando em um homem maravilhoso, provocando ciúmes nas irmãs da moça. Após os protestos dos intelectuais, o ministro da Educação, Nasse a-Din al-Shaer (Hamas) ordenou que os textos retirados das bibliotecas escolares sejam conservados. A sua divulgação, acrescentou, "será limitada". O livro, no entanto, continua a disposição do público nas livrarias públicas e na internet