José Arbex Jr. explica identidade árabe
Entre outubro e novembro o ICArabe realiza o curso Panorama da Cultura Árabe II. O programa inclui sete aulas sobre assuntos variados. Quem faz a primeira exposição com o tema “O árabe e sua identidade própria” é José Arbex Jr., professor de jornalismo da PUC-SP, editor especial da revista Caros Amigos e diretor de Relações Internacionais do ICArabe
Entre outubro e novembro o Instituto da Cultura Árabe (ICArabe) realiza o curso Panorama da Cultura Árabe II. O programa inclui sete aulas, uma por semana, que abordarão assuntos variados e serão ministradas por intelectuais renomados. Quem faz a primeira exposição com o tema “O árabe e sua identidade própria” é o jornalista e escritor José Arbex Jr., atual professor do Departamento de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), editor especial da revista Caros Amigos e diretor de Relações Internacionais do ICArabe. Segundo ele, é muito importante começar o curso com um olhar orientado para uma compreensão histórica que determine o tipo de reflexão que deve ser feita. “ Não podemos ficar presos a parâmetros fixos (conflito israelo - palestino, fundamentalismos etc.) que, por mais importantes que sejam, só podem ser compreendidos à luz da história”, afirma. Arbex explica que o principal problema do Oriente Médio, de um ponto bem panorâmico, resume-se ao fato de que culturas multimilenares estão confinadas a fronteiras nacionais de algumas dezenas de anos: isto é, o mapa dos estados nacionais do Oriente Médio não corresponde às realidades históricas e culturais protagonizadas pelos povos que habitam há milênios a região. “As fronteiras foram desenhadas por potências coloniais. Isso coloca uma questão imensa de problemas referentes à questão da identidade árabe. Em resumo, pretendo abordar esses pontos durante a aula”, adianta. Ele ressalta que a mídia dominante (as grandes redes de televisão e jornais que controlam o mercado da informação etc.), pinta um quadro caricatural do árabe, como se todo árabe fosse islâmico e todo islâmico um fanático. Mas faz isso movida por interesses políticos e econômicos concretos, relacionados à economia do petróleo. Já uma boa parte do chamado "terceiro mundo" tem grande simpatia pela causa palestina e pelos povos árabes oprimidos. “Aliás, devemos tomar cuidado ao falar do árabe genericamente. Será que existe mesmo "o" árabe? Ou melhor seria colocar a coisa no plural?”, questiona o professor. Para tratar do assunto, Arbex se apoia em textos clássicos, como O Orientalismo, de Edward Said, ou em textos mais recentes, como O universalismo europeu, de Immannuel Wallerstein. Também se baseia na produção histórica sobre períodos fundamentais para essa discussão, como o advento do nasserismo, por exemplo.
da redação