O Itamaraty e o Líbano
Veja o relato de José Farhat, representante do Icarabe, detalhando seu encontro com Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores do Brasil, no qual exigiu medidas do governo brasileiro diante dos recentes ataques de Israel ao Líbano. Veja no site os pedidos do Instituto e as respostas dadas por Amorim a Farhat.por José Farhat Na qualidade de membro do Instituto da Cultura Árabe e do Comitê de Solidariedade aos Povos Árabes, fui recebido pelo Embaixador Celso Amorim, Ministro das Relações Exteriores, no Itamaraty, dia 23 de agosto passado, para exigir do Governo brasileiro que oponha-se publicamente ao massacre dos povos palestino e libanês por Israel; não assine o Tratado de Livre Comércio entre Mercosul e Israel; retire imediatamente o Embaixador do Brasil em Israel, como forma de protesto; e atue para se conseguir a reconstrução do Líbano e da Palestina e a reparação dos danos causados. O item um já vem sendo executado, e foi mais um agradecimento e encorajamento apresentado, pois um protesto feito por parte de Israel demonstra o grau de engajamento do Governo brasileiro. Com relação ao segundo, o projeto está em banho-maria. Quem mais tem forçado favoravelmente é o governo argentino mas, ao que tudo indica, a Venezuela vai vetar tal Tratado. Já o terceiro, na verdade, foi vencido pelo tempo e o Itamaraty atuou segundo a tradição da Casa de Rio Branco e não se precipitou como a Chancelaria venezuelana. No último, foi anunciado que o Brasil contribuiria, inclusive em dinheiro, o que está sendo feito, ainda que com quantias módicas. Fora da pauta, perguntei se o Brasil pensava em enviar tropas para compor as Finul (Forças Interinas da ONU no Líbano) e o Ministro devolveu-me a pergunta, perguntando o que eu faria. Respondi que o Brasil deveria se guardar para atuar diplomaticamente e não com armas, pois já chega o que há por lá. Ele assegurou que o Brasil não enviará tropas. Como representante da ICArabe, tive a satisfação de ouvir do Ministro que o Brasil colaborará em projetos culturais (o que já foi feito com a mostra "Amrik" aqui em São Paulo, um projeto Itamaraty-ICArabe) e declarei que nossa missão é trazer a cultura árabe para cá e levar a nossa para lá, o que está sendo dificultado pela situação no Oriente Médio, pois onde há morte, sofrimento, destruição e amargura não pode haver cultura.