Para quem gosta de política e luta
Com a Alemanha invadindo a França, o Marechal Philippe Pétin, a quem nomes não lhe faltavam, pois era: Henri Philippe Benoni Omer Joseph Pétain (1856-1951), o Marechal da França, em 22 de junho de 1940 assinou um armistício com a Alemanha. Criou assim o “Estado Francês”, mais conhecido como França de Vichy, com total subordinação à Alemanha nazista.
Assim, o protetorado francês, dado pela Liga das Nações, de Líbano e Síria, passou às mãos da Alemanha nazista, que mandava nos franceses de Vichy.
Eu tinha então 13 anos e estava no Líbano para onde minha família foi passar o verão e a guerra não permitiu nossa volta para o Brasil.
Fui às ruas de Beirute, com meus colegas estudantes protestar e, à altura do Convento de São Lázaro, demos de cara com um destacamento francês que entrou da Praça dos Mártires, comandado por oficial nazista, atirando com bala de verdade nos estudantes que se manifestavam.
Meu colega Faraj Honein foi preso ao meu lado (e morreria de tuberculose na Prisão de Ramel) e outro estudante de outro colégio, que eu nunca soube quem era, foi atingido por um tiro, caiu no chão e nada mais soube dele.
Com a maior tranquilidade que não sei de onde arranjei, puxei Alberto, meu irmão, e entramos na Librairie Antoine. Quando os soldados chegaram, o Sr. Antoine lhes disse que “esses meninos não têm nada com aquilo, estão aí folheando livros há muito tempo”. Os soldados foram embora e nós ficamos até que a situação voltasse ao normal, horas depois.
Exatamente um ano depois, na mesma data, a Alemanha nos daria a chance de vingança: violou o Pacto de Não Agressão Germano-Soviético de 1939, atacou a União Soviética e não encontrou pela frente meninos se manifestando em Beirute protegidos por suas camisas e sim o Exército Vermelho que revidaria o ataque e, após anos de sacrifício e sangue, plantou sua bandeira em Berlim, vencendo o nazismo.
José Farhat, é cientista político, arabista e diretor de Relações Internacionais do Instituto da Cultura Árabe.