Libaneses, após eleições tranquilas, esperam 2009 pacífico
Confira a reportagem feita por Carolina Montenegro sobre o clima político no Líbano. Após a realização das eleições parlamentares, marcadas pela tranquilidade, no início de junho, o Líbano enfrenta agora outro desafio: compor todos os grupos políticos do país em um delicado equilíbrio para garantir a estabilidade da região. “A expectativa geral é de que 2009 seja um ano de paz no Líbano”, afirma Karim Makdisi, professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Americana de Beirute (AUB, em inglês). Clique aqui e leia mais.Após a realização das eleições parlamentares, marcadas pela tranquilidade, no início de junho, o Líbano enfrenta agora outro desafio: compor todos os grupos políticos do país em um delicado equilíbrio para garantir a estabilidade da região. “A expectativa geral é de que 2009 seja um ano de paz no Líbano”, afirma Karim Makdisi, professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Americana de Beirute (AUB, em inglês). “A vitória inesperada da coalizão do governo vai exigir diálogo redobrado com o Hezbollah, que não ganhou a maioria dos assentos, mas obteve o maior número absoluto de votos no país”, acrescenta. O grupo armado xiita era cotado como favorito a vencer as eleições, depois de aliar-se com o partido cristão FPM, em aliança conhecida como 8 de Março. A mudança de cenário ocorreu, sobretudo, às vésperas da disputa, no dia 7 de junho, quando o presidente norte-americano, Barack Obama, defendeu publicamente a candidatura do movimento 14 de Março, liderado por Saad Hariri. “A impressão é de que os cristãos e os sunitas moderados foram os grupos que acabaram sendo mais influenciados pelo receio de um isolamento do Líbano no cenário internacional. O voto deles a favor do grupo governista acabou fazendo a diferença no resultado final das eleições”, explica Paul Salem, diretor do Carnergie Middle East Center. Dividido entre sunitas, xiitas, cristãos e drusos, o Líbano baseia seu sistema político em um intrincado esquema de representatividade. Os postos de presidente, primeiro-ministro e porta-voz estão garantidos pela Constituição aos três primeiros grupos religiosos. A intenção é tentar equacionar as diferenças para evitar a retomada de guerras civis, como a que o país viveu de 1975 a 1990. “A estabilidade interna é fundamental também para manter a paz na região e evitar conflitos com Israel”, diz Salem. Em 1982, o Líbano foi invadido por tropas israelenses que só se retiraram oficialmente do país quase 20 anos mais tarde. Desde então, os ataques de Israel foram constantes, sobretudo, para tentar conter ofensivas do Hezbollah no sul do Líbano. Até hoje os dois países disputam o traçado de sua fronteira. Para Salem, o Hezbollah terá papel-chave na política interna e na pacificação do Líbano nos próximos quatro anos. “Se eles tivessem ganhado, talvez fosse mais fácil convencê-los ao desarmamento em troca de um espaço no Exército. Mas agora eles mantêm suas armas e ocupam grande papel no Parlamento, será preciso sempre negociar com eles. Um ótimo sinal da boa vontade deles foi terem admitido a derrota, sem conflitos.” Nas ruas, a expectativa positiva também persiste. “Pela primeira vez, vi uma eleição tão pacífica. Carros circulavam com a bandeira do 8 de Março de um lado e, na outra janela, uma do 14 de Março”, conta Joseph Hamdan, comerciante de 56 anos que gerencia um mercado no centro de Beirute. “O diálogo entre os diversos grupos políticos tem avançado muito. A própria união do Hezbollah com um partido cristão foi algo inédito. Acredito que o Líbano está passando por um momento histórico e pode se fortalecer muito se conseguir permanecer estável. É uma oportunidade de garantir a paz”, afirma Tânia Dabooul, 32, mestranda da AUB em Relações Internacionais.