ICArabe realiza mostra de filmes e debates na Semana do Povo Palestino
Programação
De 25/11 a 1/12 acontece um ciclo de cinema que exibirá filmes que abordam o contexto histórico da questão palestina e mostram os problemas que afligem essa população. Entre os destaques estão os filmes Forget Baghdad e A Cor das Oliverias, ambos inéditos no Brasil, e o documentário Sobre futebol e barreiras, produzido por diretores brasileiros. A programação completa e sinopse dos filmes segue abaixo.
No dia 29/11 será realizado um debate com a presença de três grandes personalidades dos movimentos sociais palestinos: Abla Saadat, ativista dos direitos humanos na Palestina e esposa do secretário-geral da FPLP (Frente Popular pela Libertação da Palestina) Ahmad Saadat, uma das lideranças que se encontra em cárcere israelense; Jamal Juma´, coordenador do movimento internacional Stop the Wall; e Leila Khaled, membro da FPLP, ativista pelos direitos palestinos que ganhou notoriedade nas décadas de 1960/70. O debate contará também com a presença do sociólogo Emir Sader, que recentemente esteve na Assembleia da UNESCO e participou do debate sobre a aprovação da Palestina como membro pleno. A coordenação da mesa é de Michel Sleiman, presidente do ICArabe.
E em 1º de dezembro, o ICArabe e a Matilha Cultural promovem o lançamento do documentário “Sobre Futebol e Barreiras”. Após a exibição, haverá um encontro com os brasileiros Arturo Hartmann, Lucas Justiniano, J. Menezes e João C. Assumpção, realizadores do documentário filmado na Palestina, durante a Copa do Mundo de 2010.
Serviço
Ciclo de Cinema Árabe na Semana do Povo Palestino
Locais: Matilha Cultural e Instituto Cervantes
Data: 25 de novembro a 1º de dezembro
25 de novembro de 2011
21h às 22h40 - América
26 de novembro de 2011
17h às 18h - Como Hollywood vilificou o povo árabe (Reel Bad Arabs)
18h30 às 20h10 - A cor das oliveiras
20h30 às 21h40 - Budrus
27 de novembro de 2011
19h30 às 21h30 - A Catastrofe parte 2
29 de novembro de 2011
20h às 21h - Como Hollywood vilificou o povo árabe (Reel Bad Arabs)
21h às 23h - Conhecimento é o começo
30 de novembro de 2011
21h às 22h50 - Esqueça Bagdá
27 de novembro de 2011
17:00 a 19:00 - A Catastrofe parte 1
1 de dezembro de 2011
20h30 às 22h20 – Sobre futebol e barreiras
22h às 23h30 - Conversa com os diretores do filme: Arturo Hartmann, Lucas Justiniano, J. Menezes e João C. Assumpção.
Local
CineMatilha
Rua Rego Freitas, 542
Entrada franca
Debate “A questão palestina hoje: estado, resistência e direitos humanos”
Participação: Emir Sader (Professor da USP - Universidade de São Paulo e da Uerj – Universidade Estadual do Rio de Janeiro e secretário-geral do Clacso - Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales)
Convidados palestinos: Jamal Juma´ (coordenador do Movimento Internacional “Stop the Wall”), Abla Saadat (ativista de direitos humanos e partido dos presos políticos) e Leila Khaled (União das Mulheres Palestinas e Conselho Nacional Palestino)
Local
Instituto Cervantes
Av. Paulista, 2.439
Data: 29 de novembro de 2011, 19h30
Entrada franca
Sobre os convidados
Emir Sader nasceu em São Paulo e é sociólogo e cientista político. De origem libanesa, é graduado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, mestre em filosofia política e doutor em ciência política por essa mesma instituição. Na mesma universidade trabalhou como professor, inicialmente de filosofia e posteriormente de ciência política. Trabalhou também como pesquisador do Centro de Estudos Sócio Econômicos da Universidade do Chile e foi professor de Política na Unicamp. Atualmente, é professor aposentado da Universidade de São Paulo, dirige o Laboratório de Políticas Públicas (LPP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, onde é professor de sociologia.
Jamal Juma' nasceu em Jerusalém e estudou na Universidade de Birzeit, tornando-se um ativista. Desde a primeira Intifada (1987-1993) ele tem focado na não violência. É membro fundador da Palestinian Agricultural Relief Committees, da Palestinian Association for Cultural Exchange e da Palestinian Environmental NGO Network. Desde 2002 Juma´ é um dos coordenadores da campanha contra o muro do apartheid e tem sido convidado para falar em inúmeras conferências da sociedade civil, das Nações Unidas e em vários países. Seus artigos e entrevistas são amplamente disseminados e traduzidos em diversas línguas. É também membro do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial.
Abla Saadat é militante palestina pelos direitos humanos, atua denunciando as condições precárias e maus tratos a que são submetidos os presos políticos por Israel. Sobre esse tema, tem realizado uma série de debates e atividades. Recentemente, houve um forte movimento, que culminou na greve de fome de vários palestinos presos. É esposa de Ahmad Saadat, secretário-geral do partido palestino Frente Popular para a Libertação da Palestina, preso desde 2002. Ahmad, junto com vários outros presos políticos, está em greve de fome para denunciar as condições em que vivem. Havia a possibilidade de ser sido libertado juntamente com os 1.027 presos trocados neste ano, porém essa perspectiva foi frustrada, apesar de se encontrar em estado grave de saúde.
Leila Khaled nasceu em Haifa em 1944, quando a Palestina ainda estava sob o mandato britânico e a maioria da população era árabe. Aos 15 anos de idade, ela e seu irmão se juntaram ao Movimento Nacionalista Árabe criado por George Habash, o qual logo se transformou na Frente Popular para a Libertação da Palestina. Em 1969 e 1970 atuou na captura de voos que visavam a troca de prisioneiros, sendo que as operações das quais participou nunca deixaram mortos ou feridos. Depois disso, passou a atuar em outras frentes de militância, sendo considerada uma das maiores líderes da Frente Popular. Atualmente preside a União Nacional das Mulheres Palestinas e é membro do Conselho Nacional Palestino.
Sinopses e fichas técnicas dos filmes
Como Hollywood vilificou o povo árabe (Reel Bad Arabs). Direção: Sut Jhally. Documentário, 60min., Estados Unidos, falado em inglês. Legendas em português.
Documentário que expõe de maneira detalhada como o cinema de Hollywood, desde o início da sua história até os mais recentes blockbusters, mostrou os árabes de forma distorcida e preconceituosa. O filme tem como apresentador o aclamado autor do livro “Reel Bad Arabs”, Dr. Jack Shaheen, professor da Universidade de Illinois e estudioso do assunto. O filme analisa uma longa lista de imagens de filmes em que os árabes são representados como beduínos bandidos, mulheres submissas, homens violentos, sheiks sinistros ou idiotas perdulários ou ainda como terroristas armados prestes a explodir pessoas e lugares. Uma maneira brilhante de mostrar como as imagens contribuem para formar os estereótipos em torno dos árabes, suas origens e sua cultura. O autor do livro analisou mais de 900 filmes, o que possibilitou formar essa contranarrativa, reforçando a necessidade de mostrar a realidade e a riqueza da cultura e da história árabes. O filme foi exibido em diversos festivais nos EUA, Europa e mundo árabe e recebeu o apoio do Comitê Antidiscriminação dos Árabes Americanos.
A Catástrofe partes 1 e 2 (Al Nakba, The Catastrophe). Direção: Rawan Damen. Documentário, 2007, Catar, 120min. cada parte.
Al Nakba é um filme em série que mostra como ocorreu a catástrofe palestina. A história começa no ano de 1799 e segue até os dias atuais. Para isso, utiliza um raro material, composto por documentos oficiais liberados após 50 anos de sigilo. Há ainda depoimentos de vários historiadores proeminentes e testemunhas que contam suas histórias. Um relato brilhante, uma verdadeira aula de história para entender a questão palestina, como essa se iniciou e chegou aos dias atuais. Como se desenhou o drama dos palestinos, um povo que até hoje não tem o seu estado e luta para ter sua dignidade.
A cor das oliveiras (The Color of Olives) – Direção: Carolina Rivas. Documentário, 2006, México e Palestina, 97min., v.o. árabe com legendas em português.
A familia Amer vive cercada pelo terrível muro construído por Israel na Cisjordania, território palestino ocupado. Seu cotidiano é completamente dominado por cercas elétricas, portões fechados e um exército fortemente armado. Mesmo assim, a família não deixa sua casa, pois entende que essa é uma forma de resistência. Trata-se de um documentário único e intimista que compartilha a vida privada dessa família, permitindo um olhar para o interior do sofrimento constante produzido pelo muro. É um filme artístico e belo que nos leva a uma profunda reflexão sobre os significados da segregação, das fronteiras e do sofrimento causado pela ocupação.
América (Amreeka). Direção: Cherien Dabis. Ficção, 2009, EUA/Canadá, 96min. Falado em árabe e inglês. Legendas em português.
Muna, uma mãe divorciada, vive nos territórios palestinos ocupados da Cisjordânia com Fadi, seu filho adolescente. Cansada da opressão cotidiana e sonhando com um futuro melhor, decide se mudar para os Estados Unidos, onde vive sua irmã. Ao chegar, enquanto seu filho ingressa no colégio, ela tenta se adaptar trabalhando numa lanchonete de comidas fast food, na qual passa a cozinhar falafel junto com hamburguer. Contada de forma delicada e bem humorada pela diretora e escritora Cherien Dabi (de origem palestina), América é uma viagem à vida de famílias de imigrantes árabes que vivem em outros países, além de mostrar e tocar na questão da ocupação e da falta de cidadania palestina de maneira tocante e inteligente. Fala também da amarga busca por um lugar.
Sobre futebol e barreiras. Direção: A. Hartmann, L. Justiniano, J. Menezes, João C. Assumpção. Documentário, 2010. Brasil, 110min. Falado em português, inglês, hebraico, árabe. Legendas em português.
Dirigido por quatro brasileiros, o documentário traz um novo olhar sobre a questão palestina, ainda um dos principais desafios para a comunidade internacional. Filmado durante a Copa do Mundo de 2010 na África, retrata o cotidiano de israelenses e palestinos, sob o pano de fundo do futebol e o mundial. Mostra como a linguagem universal do esporte influencia uma região permeada por problemas de identidade nacional.
O conhecimento é o começo (Knowledge is the beginning). Direção: Paul Smaczny. Documentário, 2006. Alemanha, 115min. Falado em inglês, árabe, hebraico. Legendas em português.
O filme retrata o encontro entre o maestro Daniel Barenboim e o intelectual Edward Said, professor da Columbia University, que culminou na criação da Orquestra Divan Ocidente-Oriente. Mostra como os dois amigos se juntaram para formar a orquestra composta por músicos árabes-palestinos e israelenses com idade entre 26 e 30 anos. No decorrer dos anos, os jovens falam dos seus dramas, suas dores e exercitam a convivência. A orquestra realiza concertos em países do Oriente Médio como Egito, Síria, Líbano, Jordânia, Tunísia e Palestina, além de países europeus e nos EUA. O filme fala também da profunda amizade e da solidariedade que uniram Said e Barenboim.
Esqueça Bagdá (Forget Baghdad). Direção: Samir. Roteiro: Ella Shohat. Documentário, 2003. EUA, 111min. Falado em árabe, hebraico, inglês. Legendas em português.
Conta a história de quatro iraquianos judeus e militantes do velho partido comunista do Iraque que na sua juventude foram influenciados pelo internacionalismo do partido. No entanto, na década de 50, são forçados a imigrar ao então decretado Estado de Israel. Por se identificarem como árabes, sofrem discriminação. Ao mesmo tempo, não podem voltar ao Iraque devido ao movimento nacionalista árabe. Eles relatam a dor e o sofrimento de sair do Iraque e como se sentem estrangeiros em Israel que passou a ser governada por uma maioria de judeus europeus. Judeus em Bagdá e árabes em Israel, eles se sentem divididos e confusos, pois vivem o conflito político e cultural permanentemente.
Budrus (Budrus). Direção: Julia Bacha. Produção: Ronit Avni, Julia Bacha, Rula Salameh. Roteiro: Julia Bacha, 2009, Palestina/Israel/EUA, 82min. Falado em inglês, árabe e hebraico com legendas em português.
O premiado filme conta a história de um organizador de base palestino, Ayed Morrar, que uniu membros do Fatah, do Hamas e apoiadores israelenses num movimento não violento para salvar sua aldeia da construção do muro de separação por Israel. Símbolo da resistência, a luta, vitoriosa, aconteceu em 2003.