Os sábios, o céu e as plantas
Seiscentos anos antes de Da Vinci, construiu um par de asas presas a uma estrutura de madeira. O engenhoso ícaro tentou voar e de volta, pés firmes na terra, construiu um planetário mecanizado, que simulava fenômenos celestes como raios e trovões.
Entre tantos acolhidos por Córdoba, Al-Zarqali não passou despercebido. Hábil matemático e astrônomo, elaborou um relógio d’água! Este marcador do tempo tanto determinava as horas do dia e da noite, como também indicava os dias dos meses lunares, tão importantes no calendário islâmico. Sua contribuição estendeu-se às conhecidas Tabelas Toledanas, com um estudo apurado de dados astronômicos.
Al-Bitruji, inspirado pelo pensamento de Aristóteles, desenvolveu uma teoria do movimento estelar. Esta pesquisa foi publicada no "Livro da Forma", trabalho que mais tarde circulou por bibliotecas do ocidente. Os nomes de muitas estrelas ainda têm referências árabes: Altair (al-tair, "aviador"), Betelgeuse (bait al-jawza, "a casa dos gêmeos"), além de termos como zenith e azimut.
Contam que no Alandaluz, enquanto a vegetação verdejava em silêncio, o botânico Ibn al-Baytar estudou plantas medicinais e organizou o livro "Drogas Simples e Alimento". Muitas eram nativas da península ibérica e do norte da África. Já Ibn al-'Awwam selecionou cem espécies de plantas, apontando instruções sobre seu uso e cultivo. Escreveu ainda sobre como enxertar plantas, produzir híbridos, controlar a ferrugem e outras pragas. Inusitado, o apreciador do reino vegetal mergulhou no universo dos aromas, e se aventurou a produzir um dos “objetos de desejo” da cultura árabe: os perfumes.