Um instituto para a sociedade brasileira
Discurso de Soraya Smaili, diretora Cultural do ICArabe, proferido em 27 de abril de 2010, na celebração aos cinco anos da entidade.
Oficialmente, nosso Instituto nasceu no final de 2004. Mas a história do ICArabe inicia-se em dezembro 2003, quando da realização da homenagem póstuma a Edward Said. Naquela noite, com a presença de grandes intelectuais, como o professor Aziz Ab`Saber, a professora Marilena Chaui, o escritor Milton Hatoum, o professor Mohamed Habib, José Arbex Jr., Mamede Jarouche, Emir Sader, Ricardo Antunes e vários outros presentes, foi lançada, pelo professor Francisco Miraglia, a semente do ICArabe. Aquela iniciativa contou com a contribuição de muitas pessoas a quem temos que agradecer, como Ali e Eduardo Elias, além da inestimável parceria com o Club Homs.
A partir deste momento passamos a no reunir com frequência, durante todo o ano de 2004, sendo o primeiro encontro realizado na sala do curso de Árabe da USP, com a presença de Michel Sleiman, Mamede Jarouche, Safa Jubran, Francisco Miraglia, Murched Taha, entre outros. Ali, mais uma semente foi plantada, a da forte parceria entre o que estava para nascer e tradicional e significativa instituição universitária. Ao final daquele ano, iniciamos o Instituto com um grande ciclo de debates, ocorrido na PUC-SP e com eminentes presenças.
Em 2005 e 2006 atuamos na promoção de diversas atividades que se caracterizaram posteriormente como atividades do ICArabe. Notamos também que havia um enorme interesse pelos nossos projetos, uma avidez por parte do público e da sociedade em geral. Verificamos que a cultura árabe era recebida com carinho, o que permitia colocá-la em seu lugar merecido. Aliás como disse em certa ocasião nosso Presidente de Honra, Aziz Ab’Saber, “temos que fazer um instituto para a sociedade e não só para os descendentes. Esta será nossa missão.”
Foram então lançados os embriões das principais atividades que promovemos atualmente, como: as primeiras mostras de cinema; o primeiro curso Panorama da Cultura Árabe; a primeira mostra de fotografias; o primeiro dîwân de música e poesia; nosso primeiro site e boletim eletrônico, com a firme determinação do envio semanal; os primeiros debates, palestras e a publicação do nosso primeiro livro, atualmente esgotado.
A partir de 2007 nossas atividades cresceram e se consolidaram e, entre 2008 e 2009, tiveram uma enorme abrangência e aceitação. Fomos solicitados por diversas entidades culturais em vários Estados, fizemos diversas mostras de cinemas itinerantes, fomos convidados por instituições para a realização de cursos e debates em diferentes lugares.
Em 2007 tivemos a ideia de dividir o trabalho do ICArabe por núcleos de estudo, tal como o Centro de Estudos da Imigração Árabe, Al Mahjar, lançado em 2007 e o Núcleo Edward Said, em 2008. Em 2009 lançamos outros núcleos para ampliar e potencializar as ações da Diretoria Cultural. Integramos muitas pessoas que quiseram e ainda querem trabalhar e apoiar o Instituto. Aliás, essa é uma característica do nosso trabalho, que procurou ser, desde o início, um trabalho coletivo, agregador, solidário e inclusivo.
Não podemos deixar de falar da nossa campanha para a aquisição de uma sede, lançada em 2008, e que continua, estamos juntando…e isso nós sabemos fazer muito bem não? Basta ver a história significativa que os diversos imigrantes árabes construíram, contribuindo para construção deste país.
Atualmente podemos dizer que várias das atividades do ICArabe são partes integrantes do calendário cultural da cidade e se tornaram marcas contundentes como os diferentes cursos, as duas mostras de cinema anuais, os dîwâns e as mostras de fotografias. Tudo isso só foi possível por meio de parcerias significativas com várias entidades, em especial com a Prefeitura de São Paulo, Câmara do Comercio Árabe-Brasileira, Revista Chams, SESC-SP/CineSESC, Caixa Cultural, Aliança Francesa, Instituto Cervantes, Universidades, Centro Cultural Árabe Sírio, Clube Sírio, Club Homs e tantas outras entidades e parlamentares que nos apoiaram e apoiam, além dos parceiros externos como o IMA, a Casa Árabe de Paris, Universidades da Síria e do Líbano, Ministério da Cultura do Egito, entre outros. E queremos ampliar.
Para o ano de 2010 estamos animados. Hoje, começamos apresentando os novos Portal e newsletter eletrônica do Instituto, além de uma atividade cultural cuidadosamente preparada para os nossos queridos presentes. Para os próximos meses teremos: mostra de filmes e fotografias ‘Palestina: vida e sangue’, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), entre 29 de abril e 14 de maio; IV Mostra Imagens do Oriente – Clássicos do Cinema Egípcio; o curso ‘História do mundo árabe: Síria e Líbano’; o curso de arte e arquitetura árabes; a V Mostra Mundo Árabe de Cinema; o seminário ‘A imigração árabe no Brasil: mais de 130 anos’; Dîwân das Américas e uma mostra fotográfica sobre a imigração árabe.
Continuaremos com a nossa característica, convidando todos aqueles e aquelas que desejam conhecer e divulgar a cultura árabe e o seu papel na construção da sociedade em que vivemos. Este trabalho que só é possível por ser voluntário, coletivo e comprometido com a herança generosa e humanista que caracterizou esta cultura por tantos séculos e que continua viva.