Há 90 anos, 22 jovens sírios decidiram se reunir…

Qui, 24/06/2010 - 10:59

Quem passa pelo Club Homs, na Av. Paulista, não imagina que seu nascimento teve origem há nove decadas.

Fundada em 2 de maio de 1920, a instituição surgiu da associação de 22 jovens oriundos da cidade de Homs, na Síria, que queriam um ponto de encontro, onde pudessem se reunir para matar as saudades da terra, para jogar Taule (gamão) e dominó, para terem notícias da cidade natal por meio de cartas recebidas pelos integrantes. “Geralmente as cartas daquela época contavam muitas notícias. Homs era uma cidade pequena, então sabia-se quem casou, quem morreu, quem nasceu”, conta Fuad Antacli, atual presidente do clube. Entre o grupo de imigrantes também existiam aqueles que eram analfabetos e que eventualmente recebiam cartas de seus parentes e levavam para os outros lerem.

Uma grande parte dos primeiros imigrantes sírios que chegaram ao Brasil, em meados do século XIX, partiram de Homs. Eles deixaram seu país para tentarem uma vida melhor e fugir da repressão do Império Turco Otomano que dominava a Síria na época. A maioria deles se estabeleceu na região da 25 de março e começou a trabalhar como mascate.

Segundo Antacli, a localização do clube na Avenida Paulista foi uma fatalidade. Os primeiros encontros começaram em uma salinha. “Depois à medida que a coisa cresceu, foram vindo mais pessoas, a sala ficou pequena. Então mudaram para uma outra sala, na mesma rua”, conta o presidente. Depois foram para a Praça Antônio Prado, esquina com a João Brícola, ainda no Centro. Por volta de 1945, quando o clube já tinha aumentado bastante, os associados decidiram comprar uma sede maior, na Avenida Paulista. “Primeiro adquiriram uma casa, que hoje é uma parte do clube, e na década de 80, compraram outra ao lado e juntaram as duas. Naquela época não se tinha ideia de que a avenida se tornaria o que é hoje. Aqui era uma região boa, central”, explica Antacli.

Imagem removida.No início, só eram sócias do clube pessoas oriundas de Homs, depois a instituição começou a receber associados de outras cidades sírias.”Mais para frente, em função da miscigenação, quando já estava começando a terceira geração é que se abriu o clube para pessoas de outras comunidades", salienta.

Os enfoques iniciais das atividade do clube eram social e cultural. Cultural porque contava com palestras, eventos poéticos, entre outros, e social porque unia as famílias e proporcionava até casamentos dentro da comunidade. “Isso aconteceu em todos os clubes de todas as colônias. Naquela época o ponto de encontro era o clube. Não é como hoje que todo mundo tem carro, casa na praia, etc. Então, para onde vamos? Para o clube”, diz Antacli.

Além do Club Homs havia, à época de sua fundação e também posteriormente, outras associações de imigrantes sírios e libaneses, como o Esporte Clube Sírio a Sociedade Antioquina e o Clube Alepo. “Havia conexão entre todos e, se existia naquela época alguma rivalidade entre Síria e Líbano, aqui no Brasil não tinha”, conta.

Modernização

Com o passar do tempo o espaço do clube foi sendo ampliado e as atividades sociais e culturais foram acrescidas de ações esportivas e recreativas, como boliche, pingue-pongue, xadrez, gincanas e pique-niques. Hoje, o Clube Homs desponta como um dos melhores e mais sofisticados da cidade. Com 15.296 m² dispõe de uma infra-estrutura que inclui, entre outros, piscina, academia e espaços para realização de eventos. “Hoje somos uns 650 associados que com seus dependentes devem dar uns 2 mil”, conta Antacli.

Imagem removida.De acordo com o presidente, esses 90 anos significaram o fortalecimento do clube. “O Homs é considerado a casa do arabismo. É quase que passagem obrigatória de quem vem da Síria e até de outros países árabes, é uma referência”, considera ele.

Para o futuro, o presidente vê como prioridades modernizar o clube tanto nos aspecto arquitetônico como no de atividades. “Sabemos que não só o nosso como outros clubes estão perdendo os sócios mais jovens. A gente tem que buscar meios, atrativos para trazê-los para nosso convívio e acho que esse é um dos grandes desafios no momento. Temos também que adequar o clube às novas leis de acessibilidade”, conclui Antacli.

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