Estado de São Paulo tem escolas abertas a imigrantes
“Nós trabalhamos muito na gestão do aluno imigrante. Ele veio para o Brasil, independente de sua vontade, para ficar”, destaca Edina Rosa, diretora do Núcleo de Inclusão Educacional da secretaria paulista.
Rosa destaca que não há burocracia para a matrícula de estrangeiros. Não é necessário, por exemplo, comprovar que se está em situação regular no país. A matrícula do aluno pode ser feita com os documentos que os pais dispuserem naquele momento, como passaporte ou o Registro Nacional de Estrangeiro (RNE). Ela lembra, no entanto, que uma documentação mais completa é requerida para que o aluno possa receber o certificado ao final de cada ciclo de ensino.
Nem a falta do histórico escolar serve de entrave às matrículas dos imigrantes, já que as equipes pedagógicas podem aplicar uma prova para identificar o ciclo no qual o aluno deve ser inserido. No total, a rede estadual paulista conta com cinco mil escolas.
Adaptação
Em relação aos alunos árabes, Rosa conta que o estado recebeu estudantes desde os seis anos, do ciclo básico até a Educação de Jovens e Adultos (EJA).
A diretora aponta que a adaptação dos alunos mais jovens, de qualquer nacionalidade, acontece mais facilmente por meio da interação com os estudantes brasileiros. “Conviver com outra criança facilita essa inclusão”, aponta.
Ela diz ainda que os alunos árabes “são mais contidos, mais reservados”, que os de outras regiões. “Eles são mais tímidos, mas vemos que o respeito pelo outro é muito grande. O árabe observa mais, é mais quieto, mas quando ele observa mais esse espaço em que está, ele consegue fazer essa interação [com os outros alunos]”, ressalta.
O professor também exerce um importante papel na inserção do aluno no ambiente escolar. “O professor responsável pela sala dá uma atenção especial [ao imigrante]. Ele coloca o aluno com um colega, não em atividades individuais, para observar se ele consegue fazer um amigo”, diz.
O rendimento do aluno imigrante também é acompanhado pela escola. “A rede [estadual de ensino] oferece recuperação e acompanhamento individual”, conta Rosa. Neste acompanhamento é que a escola verifica, por exemplo, se o aluno tem dificuldades relacionadas ao idioma.
O ensino de português é uma das questões em que a rede procura disponibilizar diferentes pontos de apoio. Algumas escolas estaduais, por exemplo, oferecem aulas da língua aos finais de semana, por meio do Programa Escola da Família.
Nas escolas onde não há esta opção, os professores das séries iniciais buscam apoio dos professores de inglês que atuam nas instituições. “O professor de língua estrangeira facilita a comunicação”, afirma Rosa, lembrando que muitos estrangeiros que chegam aqui falam inglês.
Vale lembrar que os alunos imigrantes contam ainda com o trabalho do núcleo pedagógico da secretaria, que envia professores de língua estrangeiras para orientar os professores das escolas onde não há ensino de uma segunda língua.
Origens
A maior parte dos alunos imigrantes que estuda na rede estadual vem de países da América do Sul, como Bolívia e Argentina. Entre os árabes, no ano passado, o estado registrou matrículas de alunos da Arábia Saudita, Argélia, Bahrein, Catar, Djibuti, Egito, Iêmen, Iraque, Jordânia, Kuwait, Líbano, Líbia, Marrocos, Palestina e Síria. Sírios (65), cataris (41) e libaneses (29) são os principais grupos entre os alunos da região.
A maior parte dos imigrantes foi matriculada nas escolas estaduais da capital paulista, mas também houve um número considerável de registros em municípios como São Bernardo do Campo, Guarulhos, São José do Rio Preto, Campinas, Mogi das Cruzes, Franca, Sorocaba e Jacareí.
Para encontrar a escola estadual mais próxima de sua residência, pais e alunos podem acessar o link www.educacao.sp.gov.br/central-de-atendimento/index_escolas.asp.