Casal de refugiados da Síria ensina pratos típicos a brasileiros
O casal chegou ao Brasil em dezembro de 2013 e conheceu o Adus por meio de uma mesquita. “Quando cheguei aqui, muitas pessoas me ajudaram”, disse Talal sobre a generosidade das pessoas no Brasil, o que mais gosta no país.
Uma professora de português do Instituto sugeriu que o sírio cozinhasse, já que não conseguiu ainda validar o seu diploma de engenheiro mecânico. Seu gosto pela culinária, então, virou também um negócio. “Na Síria, quase toda comida tem carne. Usa-se mais salsa na tabule e, no Líbano, mais trigo”, foi umas das respostas às várias perguntas curiosas dos presentes, que pagaram R$ 35 para participar da aula.
Os alunos ficaram surpresos ao saber, por exemplo, que não há um prato frequente na rotina da Síria como o arroz e feijão do Brasil, tamanha a variedade de pratos no país de Talal e Ghazal. “Igual aqui, como arroz e feijão todo dia, não tem na Síria. Lá temos mais de cem pratos diferentes que podemos fazer diariamente. Só repetimos o mesmo prato de mês em mês”, responde Talal.
Após o curso, todos os presentes se dirigiram para parte de fora da casa para apreciar ao som de música árabe a comida preparada.
Cultura
Em entrevista ao ICArabe, Talal disse que cozinhar, além de uma forma de sustento, também é uma maneira de apresentar seu país aos outros. “Aqui no Brasil, não se conhece sobre a Síria, a minha cultura e a minha religião. É importante para mim o brasileiro conhecer”, afirmou.
Segundo o refugiado, os brasileiros costumam fazer muitas perguntas. “Fico muito feliz e gosto (de responder). Mas tenho problema com a língua. Quero estudar, mas não tenho agora muito tempo. Para as crianças é mais fácil”, disse.
Para Guazal, cozinhar no Brasil tem um caráter afetivo: ainda faz com que diminua a saudade que sente de sua terra natal. “Sinto como se estivesse cozinhando na Síria”.
Para a profissional de relações internacionais Carla Bircha, uma das participantes do curso, o evento é interessante por promover a troca de culturas.
“É justamente o fato de ele ser um sírio e ensinar para a gente. A barreira da língua nem foi tanta e é interessante aprender com a pessoa de lá e poder vê-la fazendo”, afirmou.
Marcelo Haydu, diretor do Adus, explicou antes do início da aula que os refugiados deixam seus países perseguidos por motivos políticos ou culturais. A ideia é que o “Sabores e Lembranças” continue a ser feito todo mês com famílias e pratos diferentes, além da participação de chefes de cozinha brasileiros.
Confira as receitas ensinadas no curso:
Kebab hindí com arroz:
Ingredientes: carne moída, tomate, pimentões (verde, amarelo e vermelho), cebola, molho de tomate, batata, pimenta, sal, arroz, macarrão (tipo cabelo de anjo) e manteiga.
Modo de preparo: Temperar a carne moída com pimenta e sal. Para fazer a kafta, molde a carne em formato oval e frite em óleo quente. Descasque os tomates e as batatas e pique. Depois refogue em fogo baixo a cebola, os pimentões e a batata e adicione os tomates para que cozinhem. Colocar tudo (mistura + carne) no forno.
Para fazer o arroz sírio, quebre o macarrão e o refogue em fogo baixo com um pouco de sal de manteiga. Adicione a água e, quando estiver fervendo, coloque o arroz.
Tabule
Ingredientes: Trigo para kibe, salsinha, tomate, limão, azeite, pimenta e sal.
Modo de preparo: misturar todos os ingredientes e temperar com sal, limão e azeite.
A “Talal Comida Síria” recebe pedidos por meio de telefone e Whatsapp (11) 96622-1305 e também mantém página no Facebook. Ainda não é oferecido o serviço de entrega.
Uma porção do kabab híndi para uma pessoa sai por R$ 15 e uma de tabule, por R$ 10. O casal mora com os filhos no centro da cidade.
Participe dos eventos do Adus:
13 e 14 de junho – será a 2ª edição do Bazar Solidário. Além da venda de roupas, livros e CDs em ótimo estado, estarão presentes duas famílias sírias, uma preparando os salgados e a outra os doces, e uma família de haitianos. A intenção é arrecadar fundos para o instituto Adus e para as famílias.
4 de julho – acontece a 2ª edição da Copa dos Refugiados, no Colégio Santa Cruz.
5 de setembro – a Festa Multicultural trará comidas, músicas e danças de vários países, representados pelos refugiados.
Ainda sem data marcada, no fim do ano o instituto Adus preparará uma festa especial para as crianças.
Para mais informações, acesse http://www.adus.org.br/