Um pouco do Marrocos na Sapucaí
Mocidade Independente de Padre Miguel escolheu o país árabe como enredo do desfile do carnaval 2017.
Com o enredo “As Mil e Uma Noites de uma Mocidade pra lá de Marrakech”, a Mocidade Independente de Padre Miguel, escola de samba da Zona Oeste carioca que disputa a divisão principal do carnaval do Rio de Janeiro, pretende levar para a Marquês de Sapucaí no ano que vem um pouco da história e cultura do Marrocos. Em tempos de desfiles encomendados, com patrocinadores bancando o tema escolhido, a Mocidade garante que o enredo é autoral – mas, independentemente disso, busca parceiros no país africano para ajudar no desenvolvimento das alas, carros alegóricos e fantasias.
A ideia da escola era levar para a avenida um tema africano, mas diferente do que usualmente se vê no carnaval carioca. “O Marrocos apresenta também a visão do mundo árabe, outro elemento interessante”, conta Rodrigo Pacheco, vice-presidente da Mocidade Independente de Padre Miguel. Aspectos como história, cultura e riquezas naturais serão abordados no desfile, que buscará mesclar o dia a dia do povo marroquino com o da comunidade de Padre Miguel.
As pesquisas sobre o tema foram intensas. Em maio pesquisadores da escola viajaram para o Marrocos, de onde trouxeram algumas peças de roupas, de arte e outros itens usados pelo povo local. Eles servirão como base das fantasias que serão usadas no desfile – a Mocidade será a terceira escola a se apresentar na segunda-feira de carnaval, em 27 de fevereiro. “Nosso fornecedor de tecido local está usando as estampas e os desenhos como referência para as fantasias”, explica Pacheco.
No mês passado foi a vez de Pacheco visitar o país. Casablanca, Marrakech e Rabat foram alguns dos destinos do vice-presidente, que aproveitou a viagem para conversar com potenciais interessados em patrocinar a empreitada. Por enquanto, nada fechado: “Algumas empresas da cultura árabe já nos procuraram, mas ainda não há nada de concreto”, afirmou.
O Ministério do Turismo local e outros órgãos governamentais também foram contatados pela escola, porém ainda sem acordo. A Mocidade convidará também figuras importantes do país africano para participar do desfile. “Estamos ainda fechando os nomes”, disse o vice-presidente.
Samba em Marrakech
A união do samba com Marrocos não é um tema exatamente novo. Em meados dos anos 1980 o falecido carnavalesco Joãosinho Trinta organizava, anualmente, as festas de réveillon do também falecido rei Hassan II, com muito samba e temas relativos ao carnaval brasileiro.
Segundo Pacheco, a intenção do atual rei, Mohammed VI – filho mais velho de Hassan II – é trazer novamente a cultura tão apreciada pelo seu pai. “Após o carnaval receberemos aqui na nossa escola alguns jovens marroquinos, que aprenderão a tocar instrumentos e sambar. O rei atual quer reviver essas festas, que eram uma espécie de carnaval de Marrakech”, conta o vice-presidente da Mocidade.