De volta às telas pela 4ª vez
Desde o dia 1º os paulistanos têm a oportunidade de assistir, em quatro salas de cinema da cidade, produções fascinantes que retratam a realidade e a cultura árabes, contadas pelo seu próprio povo. A 4ª Mostra Mundo Árabe de Cinema segue até 13 de setembro.
Desde o dia 1º de setembro os paulistanos têm a oportunidade de assistir, em quatro salas de cinema da cidade, produções fascinantes que retratam a realidade e a cultura árabes, contadas pelo seu próprio povo. Este é o 4º ano consecutivo que a Mostra Mundo Árabe de Cinema ocorre em São Paulo, sendo realizada pelo Instituto da Cultura Árabe (ICArabe) em parceria com o Institut du Monde Árabe de Paris, a Casa Árabe de Madri-Espanha, o Sesc-SP e a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. A exibição dos filmes segue até 13 de setembro no CineSESC, Centro Cultural São Paulo, Esporte Clube Sírio e Cine Olido. (Veja a programação em www.icarabe.org/mundoarabe2009). A abertura do evento foi realizada no dia 31, no CineSESC. Além da exibição do filme Baba Aziz, do diretor tunisiano Nacer Khemir, a cerimônia incluiu uma bela intervenção musical de Sami Bordokan, que levou a todos os participantes a melodia e o timbre únicos dos instrumentos musicais árabes.Cerca de 300 pessoas compareceram. O público presente, entre organizadores e convidados, reconheceu e elogiou a diversidade que os filmes integrantes da mostra expressam, com produções libanesas, tunisianas, egípcias e iraquianas, sendo algumas coproduções francesas, alemãs e estadunidenses. “A cultura árabe é muito variada, tem uma estética própria e experimentá-la amplia muito nossos horizontes. Precisamos nos desintoxicar um pouco do cinema norte-americano, conhecer outros pontos de vista e discursos”, disse o secretário adjunto Municipal da Cultura, José Roberto Sadek. Segundo ele, São Paulo é uma cidade multicultural e a influência árabe é bastante grande. “Por isso, é preciso dar uma representação correspondente, que vá além da culinária”, afirmou. O gerente do CineSesc, Gilson Packer, ressaltou o papel da instituição em divulgar essa multiplicidade de manifestações culturais. “Esta é a segunda vez que participamos da Mostra Mundo Árabe de Cinema e vemos que o público interessado vem aumentando, ou seja, existe uma demanda pela diversidade, o que precisamos é promovê-la”, acredita. Outra característica que permeia os filmes, destacada pelos convidados presentes, foi a contemporaneidade. Segundo a escritora Márcia Camargos, membro da Comissão de Imprensa do ICArabe, a 4ª Mostra tem uma marca totalmente inédita que é a programação “Relatos do Iraque”. “É algo surpreendente, pois estamos acostumados a receber produções do Irã, Qatar, Palestina, mas nunca imaginaríamos que em um país destroçado pela guerra, como é o Iraque, existiria uma indústria cinematográfica ativa e de grande qualidade.” Para ela, esse é o principal papel do evento: sair do senso comum e levar ao público novos pontos de vista, que não estão disponíveis no circuito comercial do cinema brasileiro. A representante da Secretaria de Relações Institucionais do Governo do Estado, Silvia Antibas, concorda e completa: “A cultura árabe é muito mais conhecida pela sua tradição, mas não é só isso, existem muito problemas atuais que desconhecemos e que essa mostra divulga”, afirmou. Rezkala Tuma, diretor da Federação de Entidades Americano-Árabes (Fearab – América), exaltou o esforço do ICArabe e das instituições parceiras na realização do evento. “O amor pela cultura árabe e a reverência às origens é a razão disso tudo”, aposta. A diretora do Centro Cultural da Espanha em São Paulo, Ana Tomé, também salientou o trabalho para a concretização da mostra. “A integração de várias instituições tornou possível fazer um evento maior, atingindo, assim, mais pessoas”, disse. Após o coquetel oferecido no salão do CineSesc, o público lotou a sala para ver o filme Baba Aziz. “Ao final da sessão foi possível notar a emoção no rosto das pessoas”, afirmou Soraya Smaili, diretora Cultural do ICArabe. De acordo com ela, a presença dos convidados na abertura superou as expectativas. “É muito prazeroso ver que nossos esforços têm gerado resultados melhores a cada ano e que, mesmo com todas as suas especificidades, a cultura árabe toca os brasileiros que se identificam de alguma forma com a mensagem que ela passa”, concluiu. A Mostra A programação deste ano traz uma seleção especial de filmes iraquianos intitulada Relatos do Iraque, que inclui cinco longas-metragens: Ahlaam, As Tartarugas Podem Voar, Iraque em Fragmentos, A Vida Após a Queda e Underexposure, e três curtas produzidos pela Escola Independente de Cinema e Televisão de Bagdá: Uma Vela para o Café Shabandar, Um Estranho em seu Próprio País e Indo Embora. Merecem destaque também as produções de ficção do tunisiano Nacer Khemir que compõem a Trilogia do Deserto: Andarilhos do Deserto, O Colar Perdido da Pomba e Baba Aziz. Segundo Soraya Smaili, a seleção dos filmes destaca-se pelas diferentes origens, formações e gerações dos diretores, “caracterizando a riqueza desta magnífica miscelânea que forma a cultura árabe.” Para Michel Sleiman, presidente do Instituto, “as produções são um testemunho sucinto, mas fidedigno da sobrevida da sétima arte no mundo árabe”. Além dos filmes Sobre Bagdá, dirigido por Sinan Antoon; Sob as Bombas, de Philippe Aractingi; e Beirute Ocidental, de Ziad Doueiri, a programação inclui ainda uma homenagem a Youssef Chahine, um dos mais importantes diretores árabes, falecido em 2008. Bastante premiado, ele deixou um importante legado em suas obras de forte cunho social e terá dois filmes exibidos na Mostra Mundo Árabe : A Outra e Caos.