Escritor escreve romances baseado em pesquisa sobre o Oriente Médio
Luís Eduardo Matta, descendente de pai libanês, pesquisa Oriente Médio desde os 16 anos e se inspira no cotidiano da região para escrever ficções conspiratóriasUma bomba de hidrogênio produzida pelo governo sírio, e que levou ao assassinato de um cientista brasileiro. Poderia ser mais uma das acusações do governo Bush, mas na verdade é um dos ganchos para a história policial “120 Horas” de Luís Eduardo Matta, lançado agora no começo de 2006. Não é o primeiro romance de Matta baseado no Oriente Médio. Carioca, descendente de libaneses por parte de pai, o escritor já escreveu outros dois livros que tinham a região dos países árabes como desculpa para o desenrolar de uma de suas tramas de mistério. “Conexão Beirute-Teerã”, o primeiro, de 1993, fantasiava sobre uma organização terrorista libanesa que, através de atentados, procurava deflagrar uma nova guerra civil no país. Já em “Ira Implacável”, possíveis ataques às cidades de Beirute e Tel-Aviv têm uma estranha ligação com uma aliança entre os Estados de Israel e Irã. Tudo ficção, ficção polêmica, mas que nas entrelinhas procura dar visibilidade a uma coisa que ainda permanece como um mistério: a cultura e os costumes árabes. Matta, que pesquisa através de livros e jornais a região dos países árabes desde o início da década de 90, quando ainda tinha 16 anos, diz que a imagem do árabe na literatura de ficção norte-americana reforça os estereótipos de uma árabe terrorista e subdesenvolvido. “Só se valoriza (uma cultura) quando está em conformidade como os valores ocidentais. Minha preocupação é mostra como é, mostrar como vivem normalmente, como eles têm seu cotidiano. E à medida que pesquiso encontro muito mais semelhanças do que diferenças”, diz o escritor.