Campanha pede que Milton Nascimento cancele show em Tel Aviv
Escritor Milton Hatoum e lideranças indígenas estão entre os que assinam carta
“Milton, a voz que vem do coração diz não ao apartheid.” Esse é o chamado da campanha internacional que pede a Milton Nascimento que não cante em Tel Aviv, a qual conta com a adesão do escritor Milton Hatoum. O show está marcado para 30 de junho próximo.
A ação atende ao chamado da sociedade civil palestina por Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) a Israel até que os direitos humanos fundamentais dos palestinos sejam atendidos, por liberdade, igualdade e justiça. Reivindica, assim, o fim da ocupação e colonização israelenses; o cumprimento do direito de retorno dos milhões de refugiados palestinos às suas terras, como preconizado na Resolução 194 da Organização das Nações Unidas (ONU), de 11 de dezembro de 1948; e direitos civis iguais a todos os palestinos que vivem em Israel. O chamado vem sendo feito desde 2005 e já conta com a adesão de diversos artistas, que se recusaram a realizar shows em Israel, como Lauryn Hill, Roger Waters, Snoop Dog, Carlos Santana, Cold Play, Lenny Kravitz, Elvis Costello e Linn da Quebrada.
Como parte da campanha, o movimento BDS Brasil enviou carta no dia 15 de maio à produção e à assessoria de imprensa do cantor Milton Nascimento. Além de Milton Hatoum, a carta é assinada por centenas de ativistas, entidades inclusive da América Latina, partidos políticos, comunidade árabe-palestina, lideranças sindicais, indígenas e dos movimentos sociais. Milton Nascimento tem uma série de composições em favor dos povos indígenas.
O texto foi divulgado publicamente no último dia 20 nas redes sociais. Lembra que o arcebisbo sul-africano Desmond Tutu, Nobel da Paz e uma das lideranças na luta contra o apartheid em seu país, é um importante apoiador da campanha de boicote a Israel. Para os signatários do documento, tocar em Israel seria o mesmo que se apresentar na África do Sul durante o regime do apartheid que perdurou até os anos 1990. Naquele país, campanha internacional de boicote foi fundamental para ajudar a pôr fim ao regime institucionalizado de segregação. O BDS fundamenta-se nessa iniciativa, com base no direito internacional. O boicote cultural é uma das ações efetivas em tal direção.
Na carta, os signatários afirmam a Milton Nascimento: “Aprendemos com sua música que todo artista tem que ir aonde o povo está. Certamente o povo não está com o apartheid, a colonização e a ocupação.” O documento aponta que tocar em Israel significa “endossar políticas e práticas racistas, coloniais e de apartheid - ilegais sob o direito internacional. Ademais, o governo israelense apresenta os shows em Israel como um sinal de aprovação a suas políticas. Israel viola sistematicamente o direito internacional ao impedir o retorno dos refugiados palestinos, ao colonizar e ocupar a Cisjordânia e a Faixa de Gaza e ao discriminar sistematicamente os palestinos hoje cidadãos de Israel”.
Nas redes sociais, o BDS Brasil está usando a hashtag #CancelaMiltonNascimento #BDS.
Confira a carta na integra e materiais da campanha em https://www.facebook.com/BDS-Brasil-124030557668192/?epa=SEARCH_BOX.