10ª Mostra Mundo Árabe de Cinema: Matilha Cultural recebe exposição fotográfica e filmes sobre a Palestina

Seg, 31/08/2015 - 17:22
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A Matilha Cultural, no centro de São Paulo, foi palco, na quinta-feira (27), da abertura da exposição de fotos “Nosoutros”, de Rogério Ferrari, que fica em cartaz no espaço até 13 de setembro. A abertura teve também a exibição do filme “Muros”, com as presenças dos cineastas Fabricio Ramos e Camele Queiroz, além da produtora de “Marte ao Amanhecer”, Nirah Shirazipour. 

Resultado do mais recente trabalho do baiano Rogério Ferrari, que não pode estar presente na abertura,  “Nosoutros” documenta, com fotos em lambe-lambe e projeções audiovisuais, o olhar-ponte do fotógrafo sobre os campos de refugiados palestinos em 2002 e 2008, relacionando-os com os bairros periféricos de Salvador, Bahia, em 2014. A exposição conta também com o trabalho audiovisual “Eloquência do sangue”, realizado a partir de fotos feitas na Palestina ocupada em 2002 e do som ambiente registrado neste período. As palavras do autor repercutem a força das imagens ao propor “que a arte assuma o lugar que lhe corresponde: o de aquecer a rebeldia”.

Como em toda a programação da Mostra nesta 10ª edição, a exposição de fotos dialoga com o filme “Muros”, misturando imagens de vídeo com os cliques de Rogério Ferrari, que também integram a película. “São realidades difíceis por diversas razões e quem nos falou primeiro dessa relação foi o Rogério, porque ele esteve lá nesses campos palestinos. E nós, que somos de Salvador, conhecemos o trabalho dele”, contou Fabricio Ramos, um dos diretores de “Muros”. “Quando ele fez essa inferência, nós propusemos logo um trabalho. Já que estamos na área do cinema e ele, na da fotografia, vamos fazer essa junção.”

Camele Queiroz, também diretora do filme, falou sobre como o público brasileiro tem se identificado com a obra. “Você percebe nitidamente que há uma relação clara entre aquelas realidades, mesmo que, no caso da imagem, atenha-se mais a aspectos geográficos, da arquitetura, do urbanismo. Como há algumas fotografias que não apresentam pessoas, necessariamente, e sim mais aspectos urbanos, algumas pessoas falam  `poxa, aí eu já não sabia onde era´ ”, disse.

Segundo Ramos, o objetivo do filme foi mesmo impactar o público, o que ele tem visto acontecer. “Estão fechando as fronteiras com muros para que os imigrantes não possam chegar à Europa mais desenvolvida.”

O diretor também falou sobre como vê a realidade social no Brasil. “Os muros são históricos e ainda muito sólidos, embora, ao longo de gerações, muita gente tenha trabalhado para derrubar esses muros, mas eles existem: os guetos, as ocupações militares nas favelas, o problema urbanístico, social, humano. A solução, por parte do poder, é a solução policial. O Brasil passou por uma melhora de consumo, mas de piora da violência social”, refletiu.

Muitas imagens de Rogério Ferrari que não estão em “Muros” podem ser vistas na exposição na Matilha. Segundo Camele, a exposição mostra um outro olhar do filme, assim como o filme dá outra perspectiva das fotos. “Chamaram isso de uma quarta dimensão”, brincou. 

“Marte ao amanhecer”

O público presente na Matilha Cultural também foi brindado com a presença de Nirah Shirazipour, produtora de “Marte ao Amanhecer”. A película conta a história de dois artistas que vivem em lados opostos das fronteiras militarizadas de Israel. “É um tratamento da questão que é estar livre, pois tem essas posições de poder. A gente na Palestina não tem muitos jeitos de mostrar sua arte”, disse Nirah sobre as personagens do filme.

A produtora comentou o fato de as mulheres serem maioria no cinema árabe. “É uma vantagem ser mulher, na sensibilidade, na questão de saber escutar melhor, que eu acho que a mulher possui mais (a capacidade). Não sei o porquê deste fenômeno, mas é um fenômeno”, declarou.

Antes da exibição dos filmes, Nirah e os cineastas brasileiros fizeram comentários sobre seus trabalhos  e agradeceram a presença do público.

Arturo Hartmann, diretor de Comunicação do ICArabe, explicou a importância de exibir os dois títulos na 10ª edição da Mostra. “Nesse ano, a gente está consolidando a sessão Cinema Palestino como permanente na Mostra Árabe. Por que isso é importante para nós como Instituto da Cultura Árabe? A situação palestina ainda não foi resolvida e é objeto de luta, de ativismo da Palestina e como solidariedade internacional. Por isso a gente traz produções de brasileiros que fazem isso, e de fora, que retratam a ocupação palestina”, afirmou.

Confira a programação completa e os horários da Mostra: http://mundoarabe2015.icarabe.org/programacao

 

Serviço:

Exposição Nosoutros

De 27 de agosto a 13 de setembro - terça a domingo, das 12h às 20h

Grátis

Matilha Cultural 

R. Rêgo Freitas, 542 - República, São Paulo - SP, 01220-010

(11) 3256-2636