Conheça a grande vencedora do concurso 25 de Março

Qui, 26/03/2015 - 10:02
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O filme "Arabescos: do mascate ao doutor", de Beatriz Le Senechal, venceu o concurso de curtas-metragens Os Árabes e a 25 de Março nas categorias Júri Oficial e Júri Popular. A competição de cinema foi promovida pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira e o Instituto da Cultura Árabe, com apoio do Grupo Bandeirantes, e o resultado foi anunciado na noite desta quarta-feira (25) durante coquetel realizado no Esporte Clube Sírio, em São Paulo, em comemoração ao Dia Nacional da Comunidade Árabe.

A produção reúne depoimentos de imigrantes árabes e descendentes que falam da história da comunidade através das gerações, dos primeiros sírios e libaneses que chegaram ao Brasil para trabalhar como mascates, do desenvolvimento de seus negócios e da mudança dos filhos e netos para outras profissões.

“Estou sem palavras, foi uma surpresa muito grande”, disse Senechal à ANBA após receber os prêmios do presidente do Icarabe, Salem Nasser, do diretor do Departamento do Oriente Médio do Itamaraty, Carlos Ceglia, do presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez (PSDB), e do decano do Conselho dos Embaixadores Árabes no Brasil, Ibrahim Alzeben, que é também embaixador da Palestina.

Senechal, de 32 anos, produziu o material como trabalho de conclusão do curso de Jornalismo em 2004, mas recentemente fez um mestrado em cinema na França e, ao saber do concurso, decidiu trabalhar novamente com ele aplicando os conhecimentos que adquiriu na pós-graduação. “Não pude deixar o material guardado, era uma grande oportunidade de trazê-lo a público”, destacou.

Segundo ela, o trabalho original era composto por “recortes” da colônia árabe em São Paulo. “Falava sobre religião, gastronomia, etc.”, contou. “Eu revisitei a produção para fazer a adequação temática”, acrescentou. No caso, o tema proposto pela Câmara e pelo Icarabe era a relação dos árabes e a Rua 25 de Março, no Centro da capital paulista, local onde imigrantes do Oriente Médio se instalaram a partir do final do século 19.

Senechal trabalha com produção audiovisual, mas pretende atuar mais com cinema propriamente dito. Projetos ela já tem, e agora com a vitória no concurso: “A motivação para continuar é enorme!”

Uma curiosidade: a jovem não tem ascendência árabe, mas o interesse pelo assunto surgiu faz tempo. Ela conta como: “Comecei a me interessar fazendo dança do ventre e encontrei personagens maravilhosos.”

O filme de Senechal concorreu com outras 27 produções, sendo que quatro foram escolhidas como finalistas para eleição pelo Júri Popular. Os curtas foram exibidos em diversas salas de São Paulo e do ABC, e ao final das sessões o público pôde votar. Já os integrantes do Júri Oficial foram Silvia Antibas, diretora de Cultura da Câmara Árabe, Geraldo Adriano Godoy de Campos, diretor de Cultura do Icarabe, e os cineastas Lina Chamie, Otávio Cury e José Roberto Sadek.

“Eu assisti às sessões populares e gostei muito de todos [os finalistas], todos conseguiram seguir a proposta que a Câmara Árabe buscava”, disse a vencedora. Além do filme dela, os demais finalistas foram "25 de Março: a memória do mundo árabe", de Gustavo Brandão, "Ao mundo novo", de Pedro Jorge, e "O cheiro de Zattar", de Zeca Miranda.

Jovem promissor

Foi entregue também o prêmio Jovens Realizadores, para diretores com menos de 18 anos. O vencedor foi Bruno Rafael Fragoso da Silva, de apenas 14 anos, com "Melodia do comércio popular". Ele recebeu a premiação do presidente do Conselho da Câmara Árabe, Walid Yazigi, e do presidente do Grupo Bandeirantes, João Carlos Saad.

Fragoso, que está no primeiro ano do ensino médio, contou que desde pequeno queria trabalhar com cinema e viu a oportunidade aparecer quando assistiu o comercial sobre o concurso na TV. Calhou disso acontecer logo após ele conhecer o presidente da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, Gonçalo Ferreira da Silva.

O garoto juntou as duas coisas: pesquisou, escreveu um roteiro com a ajuda da mãe, foi para a rua filmar com amigos, convidou Ferreira para ser o narrador e produziu um filme que mistura a 25 de Março com cordel.

Ele, que já fez um curso de cinema, agora quer seguir adiante: “Estou escrevendo roteiros de ficção e quero continua fazendo filmes para inscrever em festivais.”

O presidente do ICArabe, Salem Nasser, ressaltou a importância do evento. "A presença árabe no Brasil é de longo tempo, mas é também de uma intensidade e de uma força fenomenais. A comunidade árabe talvez seja aqui a mais importante do mundo, a mais numerosa", afirmou. "E é claro que o concurso de curtas relacionado ao tema da 25 de Março é especialmente icônico porque a 25 também é um grande símbolo da presença árabe no Brasil. É muito significativo. Além disso, a 25 de Março está completando 150 anos. Então é uma conjunção de fatores que fazem com que a festa seja especial".

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Leia mais aqui sobre a comemoração do Dia Nacional da Comunidade Árabe, promovida pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira.