Estudo da língua árabe atrai brasileiros
A língua árabe está atraindo o interesse dos brasileiros. Nos últimos anos, com a vinda de refugiados para o Brasil, o ensino da língua foi uma das alternativas que muitas pessoas encontraram para viabilizar a vida no novo país, o que tem aumentado a oferta de professores.
O restaurante e espaço cultural Al Janiah (https://www.facebook.com/aljaniah01/), referência em culinária árabe e especialmente palestina, está promovendo, entre diversas atividades artísticas e culturais, um curso básico em janeiro e fevereiro. Divididos em duas turmas, os inscritos têm aulas aos sábados.
O professor do curso, Mohamad Alsaheb, é de origem síria e está no Brasil há três anos devido à guerra em seu país. Formado em Jornalismo, na Síria, e em Cinema, na Ucrânia, trabalhava com vídeos e animações em Damasco. “No início, no Brasil, tive dificuldade para aprender o idioma e não conseguia arrumar emprego na minha área. Comecei a dar aulas de inglês como professor voluntário na ONG Genesis. As pessoas gostaram do meu trabalho e resolvi dar aula de árabe, pois amo a minha língua, que considero muito importante e rica. Quero apresentar a cultura do meu país para os brasileiros”, afirma.
Alsaheb discorreu sobre as dificuldades para encontrar escolas para o ensino de língua árabe: “Não tem muitos lugares aqui em São Paulo para aprender a língua árabe embora a nossa comunidade seja grande no Brasil. As pessoas acham que a língua é difícil de ser aprendida por isso resolvi com o Al Janiah promover um curso gratuito para apresentação da língua.”
O professor também abriu um espaço para ensinar o idioma no bairro da Liberdade, em São Paulo. “Tivemos muitas inscrições, é a primeira vez que dou aula para um grande número de pessoas, estou usando um método específico para estrangeiros que foi criado em Dubai e espero que o nosso idioma tenha certificado internacional também”. O ICArabe ofereceu aos seus associados 50% de desconto para as matrículas do curso com Alsaheb que iniciou em 8 de janeiro.
Os inscritos em sua maioria são de origem brasileira, como é o caso de Samanta Olivia Beserra, 31 anos, educadora artística. “Trabalhei muitos anos com árabes e me interessei pela cultura. No ano de 2007 fiz um curso e fui pesquisando sozinha sobre o idioma. Fiquei sabendo da realização do curso, pois sigo a página do Al Janiah e resolvi me inscrever”.
No caso da assistente social Adriana Barros, 45 anos, foi a convivência com vizinhos árabes que despertou o interesse pela cultura. Ela começou a fazer aula de dança árabe e resolveu se inscrever no curso para se comunicar melhor com amigos e aprender sobre música e cultura.
O comerciante Fabio El-Hage, descendente de palestinos, contou que seu avô e irmãos vieram para a América do Sul e dividiram-se entre Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, e em Corumbá, no Brasil. Ele nasceu na Bolívia e hoje mora em São Paulo. “Meu interesse em aprender a língua é antigo, mas nunca tive oportunidade. Tenho boas expectativas sobre o curso, pois pretendo fazer uma viagem para conhecer as minhas origens e trabalhar”.
Descendente de japoneses, a professora aposentada Miriam Seto contou que sonha em viajar para países árabes e isto a motiva a aprender a língua. “Quero conhecer a cultura árabe, pois a acho muito interessante, e penso na possibilidade de fazer uma viagem.”
O projeto Abraço Cultural também oferece aulas de árabe e tem em sua equipe refugiados como professores de cursos de idioma e cultura. Os principais objetivos são promover a troca de experiências, a geração de renda e a valorização pessoal e cultural de refugiados residentes no Brasil. “Ao mesmo tempo, possibilitamos aos alunos o aprendizado de idiomas, a quebra de barreiras e a vivência de aspectos culturais de outros países. Nascemos em São Paulo, já chegamos ao Rio de Janeiro e estamos preparando para desembarcar em outras capitais do país”, explica o site do projeto (http://abracocultural.com.br/)