Campanha de financiamento coletivo é criada para construção de escola na Palestina
Vale dizer também que estamos no que conhecemos como área C nos Territórios Ocupados, uma área sob controle militar e civil israelense, como definido pelos Acordos de Oslo de 1993. Hoje, há cerca de 12 mil colonos israelenses e 58 mil palestinos na região.
As crianças de Khirbet Samara e também de Mak-hul, Al Hadidyia, Khibert Humsa e Ein Al Hilwa, outros vilarejos palestinos próximos, costumavam frequentar uma escola a oito quilômetros de Mak-hul. No entanto, em 2003, um muro e dois portões foram construídos na região bloqueando este caminho e obrigando as crianças a se locomoverem 20 km até a escola de Ein El Beida Al Deir, ao norte da Cisjordânia, ou ainda um pouco mais, até a cidade de Tubas, para que conseguissem estudar.
Não apenas a distância tornou o estudo e a educação das crianças mais difíceis. A necessidade de passar por um checkpoint – barreira construída por Israel e administrada pelo Exército israelense para controlar o trânsito da população – pode fazer com que a ida à escola possa levar horas. Além disso, a ausência quase total de transporte fez com que algumas famílias preferissem que seus filhos parassem de estudar.
Para que os palestinos desta área possam pedir oficialmente professores à Autoridade Palestina, precisamos terminar de construir a escola em Khirbet Samara. No começo de 2013, a construção da estrutura da escola foi iniciada, no entanto, ainda precisamos arrecadar dinheiro para concreto, portas, maçanetas, janelas, mesas e cadeiras para os alunos. E dessa forma oferecer educação a 50 crianças.
A questão da educação é apenas mais uma dos problemas por que passa o vale do Jordão. Aqui, os palestinos também enfrentam restrições no uso da água, que é divergida por Israel para que seja usadas nos assentamentos ilegais instalados nesta área. A média de consumo de água nesta área, que compõe 28,5% de toda a Cisjordânia, para as vilas e comunidades palestinas é em média de 15 a 30 litros por pessoa por dia. Já para os colonos, a média é de 480 litros por pessoa por dia, maior mesmo que a que existe dentro de Israel.
Outra questão para o vale são as constantes demolições de casas e estruturas de armazenamento de água. O controle israelense da área demanda que eles tenham permissões do Governo Militar para realizar qualquer construção, o que é na maior parte das vezes negado.
Há um lema na Palestina, Existir é Resistir, e talvez ele se aplique no vale do Jordão com muita exatidão. Uma escola que possamos levantar na forma de mud bricks é uma forma que os palestinos encontraram de fincar suas raízes na terra, de ficar, de desafiar a expulsão que se dá pelo governo de Ordens Militares a que estão submetidos. E contra a força do Exército o silêncio internacional, os camponeses do Vale buscam em pequenas ações fazer o que é possível.
A construção poderá ser acompanhada pelo site do Catarse, com novidades sobre os andamentos e a experiência dos estudantes.
O projeto é uma iniciativa do Jordan Valley Solidarity, organização localizada no Vale do Jordão cujo objetivo é proteger os palestinos e seu território, monitorando abusos de direitos humanos e lutando por acesso à água, eletricidade, educação, moradia e saúde para a população local.
Para colaborar, acesse http://catarse.me/pt/escolasamara#about