Rio 2016: Refugiada síria conduz Tocha Olímpica em Brasília
O gesto simbólico mostrou solidariedade com as pessoas deslocadas em todo o planeta, num momento em que aproximadamente 60 milhões de pessoas, como Hanan, foram forçadas a deixar os seus lares devido a guerras ou perseguições.
Foi um momento de grande alegria para a jovem que, junto com sua família, foi obrigada a deixar sua casa em Idlib, cidade localizada no noroeste da Síria, para buscar segurança e um recomeço do outro lado do mundo no Brasil, a partir de um programa de vistos especiais que dá aos sírios a oportunidade de recomeçar suas vidas.
Estudante do ensino médio em uma escola de São Paulo, Hanan correu com a Tocha Olímpica pela Esplanada dos Ministérios, enquanto uma multidão animada cantava, interagia e tirava fotos. Centenas de servidores públicos que trabalham nos prédios do governo desceram para conferir de perto este momento tão especial.
“O mais importante do esporte é se divertir e fazer amigos”, disse Hanan. “Ao carregar a Tocha Olímpica, o mundo inteiro saberá que os refugiados são pessoas reais e que nós podemos fazer coisas positivas”, acrescentou.
A chama chegou ao Brasil hoje e será conduzida por 300 cidades rumo à cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos no Maracanã, no Rio de Janeiro, onde acenderá a Pira Olímpica.
Hanan foi selecionada para conduzir a tocha na primeira parte do trajeto de sua jornada pelo Brasil pelo Comitê Organizador da Rio 2016, a partir de uma sugestão da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) no Brasil. Ela é a segunda refugiada a carregar a chama. Seu compatriota Ibrahim Al-Hussein conduziu a Tocha na semana passada em um centro de refugiados em Atenas, Grécia (leia mais aqui).
Hanan, seu pai Khaled, sua mãe Yusra, seu irmão Mostafá e a irmãzinha Yara vieram para o Brasil com outros parentes há um ano, depois de terem vivido por dois anos no campo de refugiados de Zaatari, na Jordânia.
Eles foram beneficiados pelo programa brasileiro direcionado aos sobreviventes da guerra na Síria. A iniciativa lhes permitiu viajar para o Brasil por meio de um processo de visto simplificado. Até o momento, cerca de 8 mil vistos foram emitidos pelas autoridades brasileiras.
Já com fluência em português, Hanan frequenta uma escola em São Paulo onde ela rapidamente fez amigos brasileiros. Ela está ajudando sua família a se adaptar ao país, que o pai reconhece como sendo o lugar que lhe permitiu “voltar a ser humano”.
Durante o revezamento da Tocha Olímpica de hoje, Hanan estava ao lado de diversos medalhistas olímpicos brasileiros – como a jogadora de vôlei Paula Pequeno e o maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima, além de Gabriel Medina, ex-campeão mundial de surf. “Hoje, não estou me sentindo como uma refugiada. Estou me sentindo como qualquer outra brasileira carregando a tocha.”
Ela aproveitou a oportunidade para agradecer o Brasil e os brasileiros por terem recebido sua família e disse que espera que sua participação no revezamento da Tocha “envie uma mensagem por um mundo sem guerras e mais amigos”.
Este ano, pela primeira vez, uma equipe de atletas refugiados competirá sob a bandeira olímpica. Os integrantes da equipe serão anunciados no início de junho.
Fonte: ONU Brasil (https://nacoesunidas.org/rio-2016-refugiada-siria-conduz-tocha-olimpica-brasilia/)