Árabes na Bienal

Ter, 13/09/2016 - 09:26
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Dois artistas árabes estão presentas na 32ª Bienal de Artes de São Paulo, que abriu ao público nesta quarta-feira, 7 de setembro. Um dos destaques é o libanês Rayyane Tabet.

Produzido para a 32ª Bienal, seu projeto intitulado Sósia (2016) tem como ponto de partida uma ficção do artista sobre a diáspora libanesa no Brasil e a narrativa que a envolve, culminando na esperança de um eventual retorno e resgate. Consiste na encomenda da tradução do português para o árabe do romance "Um copo de cólera" (escrito em 1970 e publicado em 1978), do escritor brasileiro Raduan Nassar, filho de imigrantes libaneses, e na publicação do livro em Beirute. A tradução foi feita por Mamede Jarouche, tradutor da primeira edição completa em português do livro “As mil e uma noites”, e será publicada pela editora libranesa Al-Kamel Verlag.

O trabalho de Tabet pode ser visto como uma colaboração circular entre o artista, o autor, o tradutor e a editora; um encontro entre narrativas e pessoas. O próprio artista assume o papel de provocador, que leva adiante uma ideia com potencial de transformar a compreensão cultural de duas sociedades relacionadas, mas distintas. Na exposição, pode-se ouvir em diversos lugares uma gravação de Tabet lendo em árabe o famoso capítulo “O esporro”. A história de Nassar foi escrita no auge da ditadura militar no Brasil e fala de amor, desejo e raiva.

Além de Tabet,  Alia Farid, do Kwait, participa desta edição. A artista desenvolveu um vídeo nas construções da Feira Internacional Rashid Karami em Trípoli, Líbano (1963).

O complexo arquitetônico foi desenhado pelo arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer, assim como alguns prédios do Parque Ibirapuera em São Paulo (1953) – construídos para o IV Centenário da cidade. Ambos são projetos de grandes proporções voltados para o convívio e para o uso público.

Mas a história de cada cidade acarretou desdobramentos distintos. Enquanto o parque é conhecido como um dos espaços culturais e de lazer mais importantes de São Paulo, a feira em Trípoli teve sua construção interrompida em 1975 por problemas financeiros e como consequência da Guerra Civil Libanesa, que perdurou até 1990. Em estado permanente de ruína, essas estruturas já abrigaram munição, milícias e refugiados, e são usadas para shows e como espaço de lazer.

O filme Ma’arad Trablous [A exposição de Trípoli] (2016) trata da adaptação, tradução e uso de conceitos da arquitetura para regiões geográficas distintas e de como essas construções atuam em diferentes circunstâncias culturais, sociais e políticas.

 

Serviço:

32ª Bienal de São Paulo - Incerteza Viva

de 7 de setembro a 11 de dezembro de 2016 

terças, quartas, sextas, domingos e feriados: das 9h às 19h (entrada até 18h)

quitas e sábados: das 9h às 22h (entrada até 21h)

Fechado às segundas

Entrada gratuita

Mais informações: http://www.32bienal.org.br/pt/

 

Fonte: site da Bienal