“O terror imprime um caráter simbólico”, diz Reginaldo Nasser em palestra do ICArabe
O chefe do Departamento de Relações Internacionais da PUC-SP foi o palestrante da última quinta-feira, 15 no Ciclo de Conversas sobre Cultura Árabe e islâmica. Próximo encontro, dia 22, terá palestra de Igor Fuser, da UFABC.
O Ciclo de Conversas sobre Cultura Árabe e Islâmica, parceria entre o ICArabe e a Livraria Martins Fontes, recebeu na última quinta-feira (15) o chefe do Departamento de Relações Internacionais da PUC-SP, Reginaldo Nasser, para falar sobre o tema “Um novo modo de fazer a guerra: a economia política do terrorismo e do contra-terrorismo”. A palestra aconteceuno auditório da unidade da livraria da avenida Paulista, em São Paulo.
“O terror precisa da publicidade. Ele precisa narrar. Quer imprimir uma versão da assimetria do poder. O terror imprime um caráter simbólico”, afirmou o professor sobre o uso da mídia pelos terroristas e os contra-terroristas. “Há uma sensação hoje de ameaça e a ameaça é o Estado Islâmico. Essa é a percepção”, afirmou.
Nasser explicou que o terrorismo instala uma comunicação entre a organização, as vítimas e aquele que recebe a mensagem, de modo que se forma um elo. “Eu poderei ser o próximo? Se começar a se perguntar isso está instalado o terror.” Para o professor, há um interesse em fazer um grupo terrorista parecer maior do que é, não apenas por parte dos terroristas, mas também por quem os combate. “Há uma desproporcionalidade entre o que aconteceu e o combate ao terrorismo. Ataca-se e ocupa-se o Afeganistão”, criticou o professor em relação à política de guerra dos Estados Unidos após os ataques de 11 de setembro. “Nenhum dos terroristas eram do Afeganistão ou havia treinado lá”, declarou.
Segundo números apresentados por Nasser, foram mortos no ano de 2015 cerca de 40 mil pessoas no mundo por ataques terroristas, sendo apenas 50 vítimas nos EUA. Destes, 65% são relacionados a ataques de grupos racistas. “O 11 de setembro foi um ponto fora da curva (em relação ao número de ataques no país). A narrativa é que ele inaugurou uma era”, afirmou o professor.
Para Nasser, há um interesse econômico no discurso do terrorismo com a produção de armas e a geração de empregos relacionados ao tema. “Israel é um dos países que mais lucra com a questão policial. Criou-se uma economia antiterrorismo. As empresas privadas de segurança cresceram”, disse.
Próximo encontro
A próxima palestra do ciclo será na próxima quinta-feira (22) com o professor de Relações Internacionais da UFABC, Igor Fuser. O tema será “As Raízes dos Conflitos no Oriente Médio”.
Saiba mais: http://www.icarabe.org/ciclo-de-conversas-sobre-cultura-arabe-e-islamica-igor-fuser