ACNUR e Caritas lançam mapeamento de pessoas em situação de refúgio em São Paulo
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a Caritas Arquidiocesana de São Paulo (CASP) e lançaram, nesta quarta-feira (23), o relatório “Georreferenciamento de Pessoas em Situação de Refúgio Atendidas pela Caritas Arquidiocesana de São Paulo em 2018”. Os dados foram levantados a partir dos atendimentos a pessoas em situação de refúgio pelo Centro de Referência para Refugiados da Caritas SP no último ano.
Das 84 nacionalidades atendidas pela Caritas em 2018, as 5 maiores representam quase 70% do total de pessoas, sendo elas da Angola (20%), Venezuela (19,8%), República Democrática do Congo (13,6%), Síria (10,7%) e Nigéria (4,15%). Ainda, é possível destacar que a maior parte das pessoas em situação de refúgio vive na Zona Leste da capital paulista (55%), mesmo que Sé e República sejam as localidades com maior número absoluto de residentes - 521 e 466, respectivamente.
A maior parte dos atendidos (75%) já residia no Brasil antes de 2018. Já em relação à população de refugiados que chegou em 2018 (25%), os venezuelanos são apontados como maioria, contabilizando um total de 773 atendidos - versus 57 sírios, 35 burquinenses, 34 cubanos e 32 congoleses.
O mapeamento é baseado em um recorte de 5.463 pessoas do total de 6.500 refugiados/as ou solicitantes de refúgio atendidos pela CASP em 2018, amostra que representa aqueles/as cujo endereço de residência foi indicado no atendimento, permitindo identificar sua distribuição na cidade. Com esses dados, é possível levantar as principais demandas e dificuldades enfrentadas, como por exemplo regiões que possuem poucos equipamentos públicos (saúde, educação, moradia e transporte), além de oferecer dados estatísticos (como porcentagem por gênero, idade e nacionalidade) que podem orientar políticas públicas e projetos específicos.
“O mapeamento é um marco não só no trabalho com refugiados na cidade de São Paulo, mas representa uma guinada no olhar das políticas e abordagens humanitárias em contexto urbano. É um piloto muito importante para se aprofundar a discussão sobre como melhor proteger e integrar essas pessoas nas cidades.”, diz Sílvia Sander, do ACNUR.
Legenda da foto: No campo de refugiados de Kutupalong, em Bangladesh, Hamida, de 22 anos e seu filho Mohammed, de 1 ano, esperam para receber ajuda alimentar junto com centenas de outros refugiados rohingya. Foto: ACNUR/Andrew McConnell