Quatro novos Patrimônios Culturais da Unesco são árabes
Na lista de novos Patrimônios Culturais Imateriais da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), divulgada na quinta-feira (12), constam quatro novos patrimônios árabes.
O 14º Comitê Intergovernamental de Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco se reuniu de 9 a 14 de dezembro em Bogotá, na Colômbia, para analisar e debater os inscritos a entrar para a nova lista.
O Patrimônio Cultural Imaterial ou Intangível compreende as expressões de vida e tradições que comunidades, grupos e indivíduos em todas as partes do mundo recebem de seus ancestrais e passam seus conhecimentos a seus descendentes.
A cultura Gnawa (foto), do Marrocos, entrou para a lista. É um conjunto de eventos musicais, performances, práticas fraternas e rituais terapêuticos que misturam o secular com o sagrado. Gnawa é uma música típica da irmandade sufi combinada com letras de conteúdo geralmente religioso, invocando ancestrais e espíritos. Originalmente praticada por grupos e indivíduos escravizados que datam do século XVI, a cultura Gnawa agora é considerada parte da cultura e identidade multifacetadas do Marrocos.
As práticas e o artesanato associados à Rosa Damascena em Al-Mrah, na Síria, também entraram para a lista. Praticadas principalmente por agricultores e famílias na vila de Al-Mrah, na zona rural de Damasco, que possuem conhecimentos especializados na produção de óleos essenciais e medicina tradicional relacionadas à rosa da espécie damascena, bem como a comunidade da aldeia e famílias que organizam o Festival da Rosa Damascena anual.
A prestação de serviços e hospitalidade durante o Arba’in, no Iraque, agora são patrimônio cultural da humanidade. Uma prática social realizada nas regiões central e sul do Iraque, de onde as procissões de visitantes e peregrinos convergem para a cidade santa de Kerbala. Trata-se de uma imensa demonstração de caridade por meio do voluntariado e da mobilização social e considerada um elemento definidor da identidade cultural do Iraque. Arba’in é uma peregrinação ao santuário do Imã Hussein, em Kerbala, que ocorre 40 dias após a Ashura, data em que os muçulmanos xiitas lembram o martírio de Hussein Ibn Ali, neto do profeta Maomé. “Arba’in” quer dizer “quarenta”, em árabe.
A Tamareira, conhecimentos, habilidades, tradições e práticas, entrou para a lista com representação de diversos países árabes, são eles Bahrein, Egito, Iraque, Jordânia, Kuwait, Mauritânia, Marrocos, Omã, Palestina, Arábia Saudita, Sudão, Tunísia, Emirados Árabes Unidos e Iêmen.
A tamareira está ligada à população regional desses países há séculos, servindo tanto como fonte de numerosos artesanatos, profissões e tradições sociais e culturais, costumes e práticas relacionados, como uma forma essencial de nutrição. A tamareira é uma planta perene tipicamente associada a climas secos, suas raízes penetram profundamente na terra em busca de água. Portadores e praticantes incluem proprietários de fazendas de tâmaras, agricultores que plantam, nutrem e irrigam, artesãos de produtos tradicionais usando várias partes da tamareira, comerciantes de tâmaras, e artistas de contos e poemas folclóricos relacionados.
Do Brasil, entrou para a lista da Unesco o Bumba Meu Boi, do Maranhão. No total, foram 42 novos patrimônios listados pelo comitê. Veja a lista completa.
Crédito da foto: Jalal Morchidi/Anadolu Agency/AFP