Entrevista especial: Ali Hussein El Zoghbi, vice-presidente da Fambras

Qua, 27/05/2020 - 00:58
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O vice-presidente da Fambras (Federação das Associações Muçulmanas do Brasil), Ali Hussein El Zoghbi, é um apoiador da causa árabe no Brasil e grande parceiro do ICArabe (Instituto da Cultura Árabe).

É graduado em Comunicação Social pela Universidade de Mogi das Cruzes, em Ciências Econômicas pela PUC-SP e em Pedagogia pela Universidade de São Paulo.

Além de estar na vice-presidência da Fambras, também é diretor de comunicações da Central Islâmica Brasileira de Alimentos Halal, diretor da UNI (União Nacional das Entidades Islâmicas) e Conselheiro no Conselho Pleno da Cidade de São Paulo.

O presidente do ICArabe, Mohamed Habib, realizou uma entrevista exclusiva com Ali Hussein El Zoghbi sobre sua trajetória pessoal e profissional e a atuação na Fambras. Também foram abordadas iniciativas realizadas em prol da causa árabe. O encontro ocorreu em 10 de março, na sede da Fambras, antes da determinação de quarentena e uso de máscaras pelas autoridades de saúde na cidade de São Paulo. Confira:

Mohamed Habib – Quem é o professor Ali Hussein El Zoghbi? Como cresceu e que instrução acadêmica teve para alcançar esta atuação reconhecida no Brasil inteiro como porta-voz digno que honra todos os árabes no país?

Ali Hussein El Zoghbi – Eu fiz meu Ensino Fundamental e Médio em escolas públicas. Naquela época, as características eram muito diferentes, com mudanças qualitativas e quantitativas importantes.

Estudei em uma escola municipal chamada Ary Parreiras, aqui perto da sede da Fambras. Nós saíamos dessa rua e descíamos a ladeira, que fica ao lado de uma comunidade chamada Alba, de pessoas menos favorecidas. Desde muito cedo, isso foi moldando minha maneira de enxergar essa situação dramática, em que vivem algumas comunidades.

Depois, estudei alguns anos na Escola Islâmica Brasileira. Era um percurso enorme. Nós saíamos do Jabaquara para ir até a Vila Carrão, na Zona Leste, pegando muçulmanos de várias regiões de São Paulo, o que levava horas para chegarmos até lá.

Tive oportunidade, lá, de aprender árabe, conceitos religiosos, consolidar meu pensamento sobre religião, sem esquecer que fundamentalmente minha formação religiosa partiu da minha família e da maneira com que meu pai e minha mãe enxergavam a relação Islã com não-muçulmanos.

Sempre houve aceitação, aproximação e respeito às diferenças. Desde muito jovem eu enxergava as atitudes do meu pai, que ajudou a construir uma igreja católica aqui do lado e participou de uma comunidade de amigos do bairro, de uma maneira integrada, apesar de ter nascido no Líbano e veio para cá em 1950, se integrou e fez parte desse tecido social brasileiro.

Em seguida, me formei no Vilhalva Júnior, uma escola que fica na Zona Sul de São Paulo. Depois fiz jornalismo e, com uma certa idade, fiz Pedagogia, por uma necessidade de trabalho. Na ocasião, imaginávamos que poderíamos ter uma escola e isso se consolidou. Atualmente, sou mantenedor de uma rede de escolas.

Desde muito jovem eu fui afeito a lidar com educação também. Essa mistura do jornalismo e a maneira como me formei, Economia e Pedagogia, foi o que me fez ter uma visão muito diferenciada, às vezes pragmática e sonhadora, mas sempre com uma capacidade de realização e de construir.

Sou pai de muitos filhos, de 06 a 32 anos, em todas as faixas etárias, o que me facilitou aprender um pouco sobre o processo educacional de diversas gerações. Tenho 59 anos e pude acompanhar na formação de meus filhos esses processos que sofrem mudanças a cada período, pois são muito dinâmicos.

Sou uma pessoa apaixonada pela minha família. Interajo com cada um deles, dividindo meu tempo para compartilhar um pouco com cada um. Sou muçulmano e existem práticas incríveis que fazem parte de minha rotina familiar, como o jejum de Ramadã, um momento de muita reflexão.

Com base em uma crença desse Islã plural, que enxerga o outro e respeita as diferenças é que pode se resumir no Ali democrata, republicano, que está sempre disposto a aceitar opiniões diferentes.

 

Mohamed Habib – O seu vínculo com a cultura e as tradições árabes permanece, embora seja brasileiro. O árabe tem essa característica de ser um cidadão que se integra facilmente, sem criar guetos e sem se isolar da realidade do país onde está. Como a comunidade árabe poderia se integrar ainda mais e contribuir culturalmente no Brasil, colaborando na construção cultural deste país plural?

Ali Hussein El Zoghbi – Na segunda metade do século 19, ocorreu o início do processo de imigração. A posteriori, grupos de muçulmanos começaram a chegar na segunda metade do século 20. Fala-se hoje de 16 milhões de descendentes árabes, o que é um número bastante relevante.

Eu entendo que, nesse país multiétnico, não existe a possibilidade de tirarmos o DNA da brasilidade do ser árabe. Nós já fazemos parte desse tecido social e de alguma forma conceitos do ser árabe já estão presentes em nossas atitudes.

Um exemplo disso é o processo de “anfitrionagem”, do espírito acolhedor, que em grande parte foi trazido pelos árabes e incorporado na formação da sociedade brasileira. Obviamente, pelo fato de o conceito árabe ser um patrimônio da humanidade, deveria ser difundido como virtudes necessárias para o humanismo hoje.

Se a gente analisar a formação do povo árabe, que se fez em lugares inóspitos, como a Península Arábica, a ideia de tempo e espaço é muito diferente. Há a ideia de deserto, sobrevivência, acolhimento, resiliência, são conceitos árabes que efetivamente se vê em diversas personalidades e pessoas e não são rotulados como árabes.

Cabe às instituições voltadas para essas questões fazer a propagação desse conceito, que é salutar no mundo em que vivemos. Se reduziu muito à culinária a ideia de ser árabe. A culinária é excelente e incrível, assim como danças folclóricas, mas esse universo é amplo e complexo.

Há falta de organização de grupos representativos dos árabes. Isso faz com que ficássemos dentro do tecido brasileiro sem a afirmação do ser árabe dentro desse contexto social.

O processo de organização, como o ICArabe faz com muita propriedade, entre outros grupos, é o que faz a gente não esquecer da importância desse patrimônio mundial que é ser árabe. Isso extrapola o conceito regional e localizado.

Ser árabe é um conceito da evolução do ser humano. Não é ser tradicionalista voltar para esses conceitos. É ser moderno e dizer que eles são importantes na relação humana.

Eu entendo que só de uns anos para cá, com o surgimento do ICArabe, por exemplo, é que essa dimensão do ser árabe começou a ser vista de maneira mais adequada. Há a necessidade de um nível de organização mais adequado dos grupos que representam e talvez a exploração desse conceito árabe de maneira a contribuir para uma sociedade mais digna e mais humana.

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O vice-presidente do ICArabe, Gabriel Sayegh, Ali Hussein El Zoghbi, Mohamed Habib e Christina Tsutsumi, assistente da Diretoria do ICArabe -  Fotos: Comunicação da Fambras 

 

Mohamed Habib – O que te motivou a ter iniciativas dentro de instituições, como a Fambras, para entrar nos espaços em que os árabes sempre reclamavam de nossa ausência e ainda criar livros didáticos que tratam da imagem do árabe, por exemplo?

Ali Hussein El Zoghbi – Essa missão foi delegada pelo meu falecido pai. Havia esse compromisso de eu seguir aquele caminho. As oportunidades que nós tínhamos de seguir aquele caminho se impuseram na questão da Fambras.

A maneira como eu enxergava essa missão e minha própria formação me permitiram seguir caminhos pelo entendimento de que a gente só poderia atingir os objetivos se nós usássemos instrumentos da modernidade.

Isso não significa perder a essência, a base, aquilo que caracteriza o Islã, por exemplo. Daria para conciliar buscar caminhos modernos e arrojados com uma certa tradição e construção de que necessariamente as tradições não são conservadoras. Às vezes elas são ingredientes que podem contribuir para toda uma formação de instrumentos para alcançar  objetivos.

A ideia, basicamente, era que eu enxergava que tinha um Islã com um discurso diferente do que havia sido proposto. Assim, acaba se encaixando que não dá para desvincular o árabe do Islã.

A Península Arábica e a escolha do árabe para ser um porta-voz de uma mensagem divina não foi feita aleatoriamente. Sempre houve o pensamento de que ser árabe e mulçumano se confundiam. Isso acontece muito provavelmente no instituto.

Quando se fala das grandes invenções e outras coisas, isso está correlato. Mas a minha visão de Islã era não proselitista. A ideia de que não existe coação e coerção em termos de religião. Esse modelo é diferente do que havia sendo praticado em muitos países de maioria islâmica.

É um modelo muito ligado a práticas principalmente do cristianismo, em algum momento de maneira mais enfática. Era uma visão de que se não é proselitista deve levar conhecimento acadêmico sobre o Islã, sem o compromisso de impor uma verdade, mas com o compromisso de expor o que é a religião e o que são os muçulmanos.

E foi em um momento delicado, porque o grande embate ocorre porque ficamos reféns da mídia, de estratégias geopolíticas que acabavam refletindo sobre o ataque à religião e a muçulmanos.

À frente de uma instituição como essa, me vi na necessidade de rever até o que havíamos feito. Assim, algumas questões ligadas à educação foram feitas, como por exemplo o curso Mundo Islâmico, com apoio e participação do ICArabe sempre. Esse curso é considerado histórico, pois em parceria com o Ministério das Relações Exteriores, falava até sobre o Estado, questões da religião, de teologia, comerciais, das práticas islâmicas. Ele afugentava estereótipos, porque levava conhecimento verdadeiro, isento e acadêmico sobre o Islã.

Também levava a história com honestidade intelectual sobre o que o Islã representa para o mundo hoje. Acabava sendo um curso que atingia todos esses objetivos.

Fizemos o Islã nas Escolas, com palestras para jovens e adolescentes, que pudessem levar o conhecimento do Islã plural, que aceita a todos. Fizemos esse trabalho em nossas publicações, que não são proselitistas e oferecem informações sem a necessidade de trazer adeptos. Assim, começamos a fazer parcerias importantes.

Outro projeto que podemos citar é o Khalil. Imagina uma instituição islâmica fazer uma história em quadrinhos, porque no fundo a grande carga que a mídia fez destruiu em grande parte a visão que se tinha sobre o Islã.

Para crianças, quando se perguntava quando se fala em Islã e muçulmanos o que elas imaginam, elas diziam que imaginam terrorismo, homem-bomba, decapitação e era essa a visão que eles tinham.

O árabe vinha mais ou menos à tira colo. Não se separava isso. O árabe pegava essa carga injusta que a mídia colocou e não se separava. Portanto, resolvemos fazer programas como o Khalil, com a ideia de mostrar uma criança muçulmana, que é um cidadão brasileiro que não tem nada de diferente de outras crianças, mas professa o islamismo.

O Khalil [história em quadrinhos] mostra esse menino brincando, interagindo, jogando bola, fazendo as práticas muito características da criança brasileira e mostrando o que é o Islã, ensinando e recebendo informações de outras religiões.

Entre outras iniciativas que tivemos, basicamente a gente escolheu o eixo educação porque era o caminho mais adequado para levar informação para a população e romper com os estereótipos e preconceitos que se criaram e ainda existem. Mas nosso esforço está ajudando a apagar.

 

Mohamed Habib – Essa é uma atuação para dignificar o árabe no Brasil. Nossa luta é para o respeito à diversidade étnica brasileira. Nós árabes brasileiros fomos vítimas em vários momentos, nas guerras mundiais, não tínhamos nada a ver com as guerras nada, onde japoneses, alemães, foram perseguidos. Quando veio o 11 de setembro, em 2001, os árabes foram perseguidos só por serem árabes. Sofriam com o preconceito. Seu saudoso pai, Haj Hussein, iniciou seu trabalho nesta realidade e começou a sua atuação humanista. Inseriu-se na comunidade sem dizer que é muçulmano. É parte da realidade, começou a trabalhar para todos. Ele é marca da história do bairro de Jabaquara.

Ali Hussein El Zoghbi – A construção da história dele é um capítulo à parte. Em seu falecimento, a igreja resolveu fazer um evento ecumênico, nós fomos convidados e eu encontrei pessoas que eu não conhecia. Uma dessas pessoas que se chamava José Hussein, me disse: “Ele socorreu minha mãe quando ela estava grávida e fez o parto dela na carroceria de um jipe.”

Meu pai e minha mãe têm uma história de caridade muito grande. Minha família nunca deixou de contribuir para a comunidade Alba com cestas básicas e outras ações. Não me lembro de um dia que minha mãe deixou de descer as escadas com prato de comida na mão para poder entregar para as pessoas que faziam fila na porta da minha casa.

Esses exemplos ficam marcados e acabam formatando uma personalidade. Essas pessoas não eram muçulmanas, não queriam saber de cor de pele, nem nada. Uma vez minha mãe acabou caindo com os pratos de comida, se machucou feio e foi para o pronto-socorro. No dia seguinte, enfaixada e toda quebrada ela desceu com as laranjas, com prato de comida, enfim.

O evento de falecimento dela foi feito na igreja também. E falei na ocasião sobre essa ideia humanista de olhar o ser humano como uma criação que precisa ser preservada. Fui aprendendo nesse local a ter esse olhar humano.

Muitos perguntam por que a Fambras não sai daqui [do Jabaquara]. É um lugar perigoso, recebemos senadores, embaixadores. Eu digo que esse local tem um valor. Onde nascemos é um cubículo que fica aqui embaixo e sempre que a gente olha para lá isso nos força a não ser arrogantes ou ter a presunção de que somos diferentes. Esse é um exercício que fazemos no dia a dia.

Mohamed Habib – A Fambras possui diversos projetos que demonstram essa solidariedade. Poderia falar um pouco sobre eles?

Ali Hussein El Zoghbi – Temos o Islã Solidário, que é um projeto que tem a ideia de massificar a boa ação. Me incomodava muito às vezes o espectro de necessidade que nós tínhamos e nós fazíamos algo que era um percentual muito pequeno. Quanto mais pessoas estão ajudando, é melhor.

Então, fizemos há dez anos esse projeto, que une várias coisas, desde a humanização dos profissionais na área da saúde até o trabalho preventivo a essas comunidades, muitas vezes abaixo da linha da miséria, até poder proporcionar algum tipo de alento e solidariedade a essa população.

Nos organizamos de tal forma, dentro dessa metodologia, para que cada ação fosse feita com mais excelência. São quase 400 pessoas envolvidas, entre médicos, nutrólogos, esteticistas, engenheiros, diversos profissionais.

No processo inicial a Fambras usava do próprio orçamento e depois conseguimos de organizações de países árabes uma contribuição. Agora vamos expandir para fora do estado de São Paulo, atuando em Ceilândia, uma cidade satélite de Brasília.

Essa proposta conseguiu muito mais de um milhão de exames médicos já feitos. Na parte de oftalmologia, fizemos a distribuição de óculos, exames de acuidade visual e processos de dilatação de visão. A gente se deparou com pessoas que nunca tiveram isso e começaram a enxergar o mundo de maneira diferente.

Esse é um projeto consolidado com a expertise que esse grupo já adquiriu. É um projeto de prevenção e a gente acaba educando as pessoas a evitar as enfermidades e é um processo de fazer essa integração por meio de apresentações de capoeira, grafite com conceitos árabes, acaba havendo esse intercâmbio cultural também.

São feitos ainda exames de DNA, que promovem cidadania. É um projeto que daria para falarmos um dia sobre ele.

Também fizemos uma quebra de jejum para pessoas em situação de rua. Foram 1.360 pessoas que servimos. Também levamos água potável para algumas comunidades carentes, entre outros projetos.

Mohamed Habib – A Fambras teve início em um bairro e já começou a ter tentáculos fora do estado de São Paulo. Todos trabalham voluntários e uma das fontes eram anuidades que os membros pagam. O que o senhor acha do papel do ICArabe como uma instituição que tenta resgatar e preservar a identidade árabe no Brasil, principalmente no mundo acadêmico?

Ali Hussein El Zoghbi – Nestes últimos anos, houve uma preocupação no sentido de evitar os temas polêmicos e ao mesmo tempo abordar temas que disseminam a ideia árabe. Isso é muito difícil porque os próprios países estão segmentados de uma maneira que há abismos entre eles. Tem que haver uma capacidade política muito grande. Às vezes os países não se entendem.

É realmente tentar buscar temas que não afastem os grupos que pensem diferente. Eu reforço que o método utilizado nos últimos anos é adequado e acaba fazendo com que as pessoas enxerguem o ICArabe como uma referência nas questões árabes. O que é importante para todos nós. É muito importante tentar estabelecer grosso modo o público-alvo do que é escrito, por exemplo.

Na academia, há um respeito enorme e consolidado já. Eu diria que é hora de começar a olhar novos horizontes. Tem que haver uma certa visão estratégica, que a Câmara do Comércio sabe fazer muito bem.

Os objetivos imediatos do ICArabe agora são sobreviver, ser autossustentável, conseguir bases que deem certo conforto para se trabalhar. Isso porque atuar sem garantia de orçamento não deixa produzir o que se deve produzir.

O ICArabe é necessário no mundo em que nós vivemos, pelo conceito de ser árabe, como um patrimônio. É nesse ponto que deve ser sempre exercido os conteúdos, mostrando para o mundo o que é a contribuição árabe.

O nível do ICArabe hoje atinge um grupo seleto, porque precisa ter uma certa capacidade intelectual para ler os textos que estão lá etc. Agora, é preciso buscar novos horizontes.

Como a Fambras enxerga o ICArabe? Como um complemento do trabalho que nós fazemos. Temos uma natureza muito próxima a respeito das culturas islâmica e árabe. Eu sempre falo que esses momentos se entrelaçam.

Hoje tenho um departamento institucional. Estou abrindo minha capacidade de dialogar com as empresas, poder público, organismos e autoridades internacionais.

Como entusiasta do ICArabe, entendo que existem duas coisas que precisam ser feitas. Do ponto de vista orçamentário da federação, é fazer um esforço a despeito dos últimos acontecimentos, para transformar isso em aporte financeiro para o instituto.

Eu entendo que os últimos anos estão compatíveis com o que eu acredito que o ICArabe tem que fazer. Eu estou muito satisfeito com o trabalho que está sendo desenvolvido. Eu acompanho, leio e estou sempre atento ao que está sendo feito.

Em segundo lugar, acho que temos que achar pessoas lá fora que já tenham um budget [orçamento] determinado para ações culturais e de evolução do conhecimento sobre o árabe e trazermos para cá.

Como estamos lidando com países de maioria islâmica, geralmente vem restrição no meio. Nos Emirados nem tanto, porque eles estão querendo uma ideia de que não é pela religião, mas pelos Emirados que se está fazendo o bem para o ser humano, independentemente da religião.

Temos que fazer com que o ICArabe tenha uma capacidade orçamentária de fazer mais projetos do que faz atualmente.

Mohamed Habib – Temos um programa chamado Al Mahjar, aberto para o resgate da história da imigração árabe no Brasil. É um projeto valiosíssimo em termo de importância que deixa registrado para esse país, a história de um segmento da sociedade brasileira que veio aqui e deixou sua marca.

Ali Hussein El Zoghbi – Fizemos um depoimento sobre um dos imigrantes, meu pai, que para mim é bastante relevante e estou percebendo que estamos esquecendo de sua história. A ideia é fantástica. Primeiro pelo impacto prático muito grande.

Tem gente da comunidade que acima de tudo quer resgatar a história de seus familiares. São pessoas que tenho certeza de que vão contribuir para o projeto. Essa ideia é genial.

 

Edição Jéssica Marques/Foco21 Comunicação