Manifestantes pedem justiça para Rachel Courrie

Ter, 28/08/2012 - 15:18
Um tribunal israelense rejeitou nesta terça-feira, dia 28, a denúncia apresentada contra o governo de Israel pelos pais de Rachel Corrie, jovem ativista estadunidense que há nove anos foi esmagada por um trator que demolia casas palestinas em Gaza. Pessoas em todo o mundo se manifestam, exigindo justiça e o fim da ocupação israelense. A três meses do início do Fórum Social Mundial Palestina Livre, encontro mundial histórico que será realizado entre 28 de novembro e 1º de dezembro de 2012 em Porto Alegre, e que vem sendo construído por dezenas de organizações da sociedade civil brasileira, palestina e internacional, entre elas, o Instituto da Cultura Árabe (ICArabe), a data aponta a urgência da iniciativa.

“Este é um sinal de que a impunidade grassa em Israel, que não respeita sequer a lei internacional e promove um apartheid contra os palestinos. Rachel Corrie foi uma das ativistas que buscou fazer a diferença, mas sua luta não está perdida. Pelo contrário, deve servir de inspiração para se fortalecer a solidariedade internacional e o movimento por boicotes ao apartheid promovido por Israel”, declarou a palestino-brasileira Soraya Misleh, diretora de Imprensa e Divulgação do Instituto da Cultura Árabe (ICArabe). Além de sua batalha nos tribunais israelenses, os pais de Rachel Corrie lutam para que governos e empresas rompam contratos com a Caterpillar, marca do buldôzer que assassinou sua filha. Recentemente obtiveram uma vitória por meio do movimento BDS – que reivindica boicote, desinvestimento e sanções a Israel enquanto a ocupação, o apartheid e a limpeza étnica da Palestina se mantiverem –, quando a Caterpillar perdeu os investimentos da poderosa TIAA-CREF, fundo de investimentos estadunidense.

Para Soraya, é preciso que seja feita pressão para que a empresa, que mantém uma fábrica no interior de São Paulo, cesse a cumplicidade com Israel. “O Fórum Social Mundial Palestina Livre é uma oportunidade para se fortalecer a solidariedade internacional e exigir justiça para Rachel Corrie e os palestinos. Ainda cabe recurso no caso da ativista, mas é preciso mobilização para reverter esse lamentável veredito.”

Israel no banco dos réus

A americana Rachel Corrie foi assassinada em 16 de março de 2003, aos 23 anos de idade, em Gaza. Um buldôzer da Caterpillar, guiado por um militar israelense, passou três vezes por cima de seu corpo quando ela se colocava como escudo humano para tentar impedir a
demolição de uma casa palestina no campo de refugiados de Rafa, na
Faixa de Gaza.

Apesar dos tribunais israelenses demonstrarem repetidamente que colocam a impunidade do Estado de Israel e seu exército acima do respeito aos direitos humanos e das leis internacionais, os pais da ativista, Cindy e Craig Corrie, iniciaram em 2005 um longo processo
criminal contra o ministro da Defesa israelense, à época, e contra o Estado de Israel. Quinze audiências e dezenas de testemunhas ajudaram a manter viva a memória de Rachel e o valor da solidariedade com o povo palestino.

Compartilhando essa visão, o FSM Palestina livre será um espaço para quebrar a impunidade, promover o respeito do direito internacional e reforçar a solidariedade global.

Limpeza étnica


A ação que matou Rachel Corrie, ativista do ISM (International Solidarity Movement), foi noticiada um dia depois, pelo jornal israelense Haaretz, como “rotineira”. Infelizmente, são cotidianos o assédio militar, a tortura e os assassinatos cometidos pelo exército israelense contra o povo palestino. Milhares de casas continuam a ser demolidas arbitrariamente nos territórios ocupados, como parte da estratégia do estado israelense de dar sequência a um plano deliberado de expulsão de palestinos, iniciado, segundo historiadores palestinos e israelenses, ainda antes de sua criação, em 15 de maio de 1948. Naquele ano, em seis meses, foram destruídas 530 aldeias e cidades palestinas e expulsos de suas casas e terras 800 mil habitantes nativos.

As políticas de expulsão dos palestinos de suas próprias casas nunca mais pararam. Neste mês de agosto, Israel anunciou a destruição de 12 comunidades palestinas e a expulsão de seus mais de 1.500 moradores. Desde o início de 2012, mais de 2 mil pessoas foram afetadas pelo deslocamento forçado, imposto por Israel. Esses crimes objetivam tornar impossível o estabelecimento de um Estado palestino livre e soberano.

Rachel Corrie não é uma vítima isolada nem mesmo entre ativistas. Outros já foram assassinados e feridos por prestar solidariedade à luta palestina. Embora não tenha conseguido impedir que mais uma casa palestina se somasse à triste estatística das demolições, Rachel, com seu gesto heroico, fez com que o número de ativistas internacionais aumentasse, e com que crescesse a solidariedade à Palestina. A luta de sua família por justiça tem alertado o mundo para a situação dos palestinos, engrossando as fileiras daqueles que exigem o fim da política de ocupação, apartheid e limpeza étnica.

Fórum Social Mundial Palestina Livre

O Fórum Social Mundial Palestina Livre (FSMPL), programado entre 28 de novembro e 1º de dezembro de 2012, será uma demonstração mundial de solidariedade ao povo palestino, com muitas atividades autogestionadas, com palestrantes e personalidades internacionais que virão falar dos caminhos para pôr fim à ocupação das terras palestinas.

O FSMPL contará com grandes conferências distribuídas em cinco eixos centrais:

1. autodeterminação e direito de retorno;

2. direitos humanos e direito internacional;

3. movimentos sociais e formas de resistência;

4. por um mundo sem muros e sem racismo;

5. BDS e estratégias de luta.

Também estão programados espetáculos artísticos e mostras culturais. Em 29 de novembro, está prevista uma grande manifestação para celebrar o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino.

Mais informações sobre o caso Rachel Corrie press@rachelcorriefoundation.org
Telefones: +972-52-952-2143 e +972-54-280-7572 (falar com Stacy Sullivan)
Website: http://rachelcorriefoundation.org/trial

Siga o julgamento no Twitter: @rcfoundation
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Mais informações sobre o FSM Palestina Livre

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