Obama, Romney e o Oriente Médio: “nada mudará na política externa norte-americana”
Obama e Romney sequer demonstraram divergências no debate em relação aos problemas do Oriente Médio, centrando suas preocupações apenas na segurança de Israel e na possibilidade do Irã obter uma arma atômica. “É como se Israel estivesse ameaçado ou sem condição de autodefesa, mesmo tendo em seu poder a maior máquina de guerra do mundo, aparelhada com os mais modernos e melhores armamentos que lhe são entregues gratuitamente pelos Estados Unidos e seus aliados europeus, além de possuir mais de 300 ogivas nucleares.”
Segundo o professor, a intenção do discurso de ambos é clara: apoio financeiro para suas respectivas campanhas. “Foi feita uma pesquisa com os eleitores judeus americanos, que mostrou que a maior preocupação destes é com a situação econômica e com a Segurança Nacional dos Estados Unidos. Somente 4.5% dos mesmos disseram que a relação dos Estados Unidos com Israel é um das suas preocupações. Com certeza, os candidatos, cada um a sua maneira, buscam o apoio financeiro e da mídia que está na mão do lobby Judeu. Esta competição de ambos para agradar este lobby é desproporcional em relação ao pensamento do eleitor judeu norte americano.”
O debate ignorou completamente o drama vivido pela população Palestina. Os candidatos não apresentaram propostas para resolver este problema e Israel, apoiado pelos Estados Unidos e alguns países europeus, segue desrespeitando o que foi estabelecido pela ONU - que determina o direito dos palestinos a metade da Palestina - e mantém sob seu controle toda a Palestina Histórica. Também não houve por parte dos candidatos nenhuma sinalização de plano de ação em relação à Síria. “Mais uma vez, o interesse de Israel prevalece. Para Israel, quanto maior for a destruição da Síria como estado, melhor.”
Mitt Romney manteve o discurso ultrapassado de que “os Estados Unidos têm que recuperar sua posição de liderança no mundo”. O postulante republicano acusou a administração Obama de ter deixado acontecer "tumultos" internacionais, principalmente na região do Oriente Médio, e citou como exemplos o ataque à embaixada americana na Líbia, a situação em Mali e o avanço do programa nuclear iraniano. Até mesmo a eleição democrática no Egito de um presidente apoiado pela Irmandade Muçulmana foi mencionada como “problema”. Para o Professor Taha, tudo não passou de uma ação politiqueira. “Os Estados Unidos estão em grave crise econômica e, do ponto de vista econômico, estão vendo se aproximar cada vez mais rapidamente a China e outros países. Além disso, o conflito na Síria está demonstrando a fraqueza da política norte-americana, que é dependente de Israel e do lobby judeu.”
Romney, afirma Taha, mostra tanto despreparo para ser presidente dos Estados Unidos quanto George Bush. “Ele tem pouco conhecimento em política internacional e faz nos lembrar do Bush filho, que também não entendia de política externa, por isso provocou duas guerras e morte de milhares de inocentes. Lamentavelmente, a política externa dos Estados Unidos é comandada por vários grupos econômicos fortes, como os do petróleo e do armamento, além do lobby judeu. Por isto, o Presidente deste país não precisa conhecer o tema.”