“Uma nova intifada virá”, diz à RFI José Farhat, cientista político e diretor do ICArabe
Escute a entrevista de José Farhat, diretor de Relações Internacionais do ICArabe, à Rádio França Internacional.
A Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, foi palco nos últimos dias de violentos confrontos, desencadeados pelas novas medidas de segurança impostas no local sagrado. Apesar do anúncio nesta terça-feira (25) da retirada dos polêmicos detectores de metal, estopim da revolta, a tensão continua. Para o cientista político José Farhat, diretor de Relações Internacionais do ICArabe, o risco de uma nova intifada é cada vez mais presente.
Israel havia instalado detectores de metal nas entradas do complexo, que abriga a mesquita Al-Aqsa e o Domo da Rocha, depois que dois policiais israelenses morreram em um ataque em 14 de julho. Desde então, em sinal de protesto, centenas de muçulmanos decidiram realizar suas orações do lado de fora e, a cada prece, a tensão era palpável. A tal ponto que, apenas no fim de semana passado, oito pessoas morreram durante confrontos no local, considerado sagrado para judeus e muçulmanos.israel
Essa foi a primeira vez, desde o ano 2000, momento da explosão da chamada segunda intifada, que as preces de sexta-feira foram anuladas na Esplanada das Mesquitas. O que levou alguns especialistas a cogitarem o risco de uma nova escalada de violência como a vivida há 17 anos.
Essa também é a opinião de Farhat, que chama a atenção para o cansaço da população diante da pressão crescente. “Os palestinos com quem eu tenho conversado dizem que não aguentam mais. As pessoas não podem mais circular tranquilamente sem passar por ruas com soldados e postos de fiscalização. Até para comprar alimentos é difícil”, comenta o cientista político, que é também diretor de relações internacionais do Icarabe (Instituto da Cultura Árabe), em São Paulo. “A intifada virá. Se não for hoje, será amanhã, daqui um mês ou daqui um ano. Mas ela virá com certeza”, sentencia.
Escute aqui a entrevista de Farhat.