Série de vídeos na web mistura política e história familiar no Líbano

Qui, 29/09/2016 - 12:18
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“Brimo” e “Brimo 2, do documentarista Maurício Yasbek, podem ser vistos na página do projeto Facebook.

Por Arthur Gandini

Mauricio Yazbek, documentarista descente de libanês, sabia, desde sua infância, das fitas guardadas por sua família relacionadas ao seu avô Youssef Badry Fares Yazbek, libanês que se refugiou no Brasil durante a 1ª Guerra Mundial e que deixou um rico arquivo. São filmes em 16mm, super 8 e fitas VHS com a história dos anos no Brasil contados à sua família. Com este acervo, Maurício produziu, em 2014, o curta “Brimo”, que foi um dos selecionados para o Concurso de Cinema “Os Árabes e a 25 de Março”, promovido pelo ICArabe em parceria com a Câmara de Comércio Árabe Brasileira. O curta conta a história do início da manufatura e do comércio no Brasil pelos olhos do avô de Youssef Badry, integrante de um povo que ajudou a construir o país. “Foi fantástico ser apresentado ao meu passado árabe, confirmar fatos, desmistificar outros e eliminar preconceitos. Perceber a influência e importância da cultura árabe pro Brasil em seu período de industrialização”, afirma Yazbek.

O documentarista conta que viu a necessidade de fazer outra produção que fosse também contra a corrente crescente de preconceito ao mundo árabe. “Foi nesse momento que misturei as histórias da minha família com os acontecimentos recentes vividos no Líbano, dando origem à websérie  “Brimo 2”, para combater um pouco essa ideia de Oriente Médio selvagem”, conta. “Eu sempre tive muito respeito e admiração pela história de vida dos meus avós e, no caso do meu avô por paterno, um carinho ainda maior”, diz, emocionado.

“Brimos 2” possui tom mais político e relaciona a história de vida do refugiado de guerra Youssef Badry com a crise de refugiados que ocorre atualmente na região e a “Guerra ao Terror” promovida por países ocidentais. “Foi muito importante sair da zona de ignorância sobre os assuntos que ocorrem no Oriente Médio e começar a desvendar os reais motivos das tensões por lá. Dividindo em temas atuais, criei filmes curtos para internet nos quais traço um paralelo entre as imagens da minha família de imigrantes, que se adaptou muito bem ao Brasil, e, por outro lado, mostro como esses assuntos são tratados no Líbano atual”, explica.

Estereótipos

Para Yasbek, o audiovisual é uma forma interessante de divulgar a cultura árabe no Brasil. “A cultura árabe já está enraizada no Brasil, é tão presente que as pessoas nem percebem que todo brasileiro é um pouco árabe. O audiovisual é uma maneira de relembrar e transmitir cultura de forma rápida, instantânea”, afirma.

Para o documentarista, é necessário combater os estereótipos em relação ao povo árabe, especialmente em relação ao libanês. “Todo mundo pensa num mundo árabe violento e repressor e o que eu vi foram mulheres dançando em cima das mesas no mercado milenar de Biblos, dirigindo seus Camaros conversíveis a mil por hora na estradona que atravessa toda a costa do país e fumando shisha juntas nos bares”, contra, sobre o que observou durante os cinco meses de produção de “Brimos”. “As famílias vão juntas para todos os lugares, desde passeios turísticos e religiosos a vernissages e boates. Muçulmanos e cristãos vão aos mesmos lugares e se divertem juntos, convivem pacificamente em lugares sagrados”, declarou.

“Brimos” e "Brimos 2” podem ser assistido pela internet. Acesse a página no Facebook e confira: https://www.facebook.com/filmebrimo