Campanha mundial apoia o uso do hijab
Nesta segunda-feira (01), mulheres muçulmanas e não-muçulmanas estão postando fotos com véu nas redes sociais em suporte a quem usa o lenço. É o Dia Mundial do Hijab, que tem divulgação no Brasil por grupo da USP.
Nesta segunda-feira, 01 de fevereiro, muitas mulheres muçulmanas e não-muçulmanas estão postando fotos com hijab nas suas redes sociais. Elas respondem a um convite do Dia Mundial do Hijab, data que foi criada para o apoio ao uso do véu. No Brasil, grupo de pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) divulga a iniciativa.
O Dia Mundial do Hijab foi criado há um pouco mais de sete anos por Nazma Khan, nascida em Bangladesh e atualmente moradora dos Estados Unidos. “Hoje é dia de apoiar as pessoas que usam hijab”, explica Francirosy Campos Barbosa (foto acima), antropóloga e professora da USP.
Francirosy é coordenadora do grupo de Antropologia em Contextos Islâmicos e Árabes da USP, campus de Ribeirão Preto, chamado Gracias, e lidera uma pesquisa sobre islamofobia de equipe que integra o grupo. Uma psicóloga, um advogado, um educador, uma estudante de psicologia, uma socióloga e Francirosy levam adiante a pesquisa, começada há um ano. O estudo ainda não está concluído, mas já há algumas conclusões.
“Na comunidade muçulmana, mulheres que usam véu são mais vulneráveis a sofrer violência, principalmente as revertidas”, afirma a pesquisadora, sobre as convertidas ao Islã, que não circulam tanto entre muçulmanos como as já nascidas nessa religião. “Não que as nascidas muçulmanas não sofram violência, mas a vulnerabilidade para quem não tem família muçulmana é ainda maior”, relata.
Mulheres que circulam de véu no transporte público estão muito mais sujeitas à violência, segundo Francirosy. Há também a dificuldade de conseguir trabalho ou uma promoção por quem usa o hijab. Segundo a pesquisadora, há muito desconhecimento da religião, desconhecimento da vestimenta islâmica e muito estereótipo.
“As pessoas são rechaçadas, há casos de meninas que foram apedrejadas, que tiveram seu lenço puxado, tem uma professora que passou a usar o lenço e teve vários comentários extremamente nocivos por seu coordenador. É uma violência simbólica, uma violência verbal, uma violência física, vários tipos de violência. As meninas ouvem: ‘volte para o seu país, mulher bomba’, todo tipo de comentário nocivo”, afirma.
O Dia Mundial do Hijab foi criado justamente para dar apoio e suporte a quem escolheu usar o véu. “Muita gente é contra o uso, acha que é uma imposição, que é voltar atrás”, afirma. Francirosy entende que quem trabalha com a questão da islamofobia tem que criar mecanismos de ajuda, de contribuição com a questão. Por isso o engajamento do Gracias na campanha mundial. “Num país laico você tem direito de ser quem você é”, diz.
A ideia da campanha é que as mulheres postem fotos pessoais com o lenço nas redes sociais, mesmo que não sejam muçulmanas e não o usem, em uma demonstração de aceitação e apoio a quem usa. O objetivo é que as pessoas defendam a liberdade de expressão. “Usar o lenço também é uma forma de liberdade de expressão religiosa, as pessoas têm o direto de usar o lenço em qualquer espaço da nossa sociedade”, afirma a pesquisadora.
Fonte: ANBA